sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Morte Súbita, de J.K. Rowling

Morte Súbita, de J.K. Rowling
Nova Fronteira - 501 páginas
A vida em uma cidade pequena pode ser muito mais conturbada e complicado do que parece à primeira vista.




Título: Morte Súbita
Título Original: The Casual Vacancy
Autora: J.K. Rowling
Editora: Nova Fronteira
ISBN: 978-85-209-3253-7
Ano da Edição: 2012
Nº de Páginas: 501
Comprar Online: Saraiva / Submarino


Sinopse:
Barry Fairbrother era um distinto membro da cidade de Pagford: banqueiro, pai de família e membro do conselho.
Ele lutava ferozmente para que o bairro de Fields, onde nasceu e cresceu, não fosse desmembrado de Pagford - uma questão polêmica que dividia os membros do conselho e os cidadãos da cidade.

Quando a morte súbita de Barry chega ao conhecimento público, a pequena Pagford entra em polvorosa - agora será necessário escolher um novo membro para o conselho e essa pessoa poderá pesar na decisão a favor ou contra o desmembramento de Fields.


O que eu achei do livro:
Quem me acompanha aqui no blog sabe que eu gosto de escrever minhas resenhas tão logo termine a leitura do livro. Acho que assim minha opinião é mais verdadeira, mais fresca, mais pessoal (do jeito que eu gosto que ela seja na minha resenha) - tanto que costumo pensar que se esqueci de algo na resenha é porque aquilo não me marcou tanto e, portanto, deveria ter sido esquecido mesmo.

Aí, eu leio Morte Súbita.
Como posso fazer uma resenha desse livro? O que falar? O que deixar de fora?
É tanta coisa que eu tenho para comentar sobre esse livro que não daria nem em cinquenta resenhas e mesmo que eu ficasse escrevendo esse texto por um ano inteiro.
Portanto, certamente muitas coisas das quais eu gostaria de falar vão acabar ficando de fora desse texto e eu peço que vocês, leitores, compreendam que não é possível falar tudo.

Primeiro vou começar com o "antes da leitura". Pois é... esse livro começou a mexer comigo já antes de seu lançamento e muito antes que eu o tivesse em mãos: título intrigante, sinopse obscura e a primeira história de J.K. Rowling fora do universo Harry Potter.
Eu estava ansiosa pelo livro e ao mesmo tempo temerosa pelo que ia encontrar - afinal de contas, será que a autora seria tão boa assim escrevendo sobre outros assuntos?! E para um público completamente diferente?

Primeiro detalhe a se ter em mente antes de começar a leitura do livro: NÃO É HARRY POTTER.
Ok, isso deveria ser óbvio e eu já estava imbuída deste pensamento. Mas vi muita gente que não estava pensando dessa forma e acabou se frustrando.
Não se iludam, o livro nada tem a ver com o mundo do famoso e querido bruxinho, não é voltado para o mesmo público e não é literatura fantástica.
Prepare-se para algo totalmente novo e se delicie com uma obra maravilhosa!

Quando li a sinopse da história eu fiquei meio perdida, sem saber o que esperar do livro. E talvez você também tenha ficado assim - não dá para colocar em uma sinopse o que o leitor vai encontrar em "Morte Súbita" - acho que esse pode ser o motivo que levou a Nova Fronteira a não colocar sinopse alguma na contracapa do livro (mas tem na orelha!).

Morte Súbita é um retrato de uma pequena cidade do interior: Pagford. O leitor vai acompanhar não exatamente a escolha de um novo ocupante para o cargo no conselho municipal (eu pensei que esse seria o foco do livro e tenho que admitir que isso parecia muito chato), mas a implicação de tal escolha no cotidiano dos moradores da pequena Pagford.
Acho que pensei que seria essa chatice não apenas por causa da sinopse, mas por causa do título também, tanto o original quanto o título em português (em Portugal o livro também ganhou um nome bem parecido - virou Uma Morte Súbita): que faz menção à morte do ocupante do conselho e a consequente vaga que fica ociosa.
O título é muito bom e tem tudo a ver com o livro - mas a história vai muito além de apenas quem irá ocupar o lugar no conselho... muito, muito além.

A escrita de J.K.Rowling é tão gostosa como sempre. A autora usa e abusa de descrições minuciosas para colocar o leitor em contato direto com os personagens e as situações retratadas. Aliás, para que o sentimento de cidade pequena fosse passado, a autora trata os personagens - desde as primeiras páginas - como velhos conhecidos, de forma que o narrador não se alonga explicando quem é quem e o leitor certamente se sentirá um pouco perdido no primeiro momento (e tendo que voltar algumas páginas para descobrir quem é tal pessoa). Entretanto, enquanto vai evoluindo na leitura da trama, o leitor vai se sentindo parte da comunidade de Pagford e velho conhecido daquelas pessoas que protagonizam a história de Rowling.

A narrativa é em terceira pessoa e isso só torna a história ainda mais profunda - já que diversos pontos de vista são mostrados, assim como os pensamentos íntimos dos personagens.
Aliás, a narrativa é em terceira pessoa, mas o narrador não é imparcial. Como assim?! Ele só enxerga o lado ruim das pessoas - só tem coisas boas a falar de quem já morreu. Barry Fairbrother é o único que parece ter boas qualidades. Isso é um detalhe que me causou extrema estranheza e fascinação durante toda a leitura.

Os personagens foram muito bem construídos - são extremamente realistas e sólidos -, mas todos têm defeitos gritantes (ei, peraí, acho que esse todos se aplica não só aos personagens de Morte Súbita mas às pessoas da vida real também) que são características marcantes em suas personalidades. O narrador não tenta esconder os problemas de ninguém, muito pelo contrário, ele parece ter o objetivo de escancarar os podres da vida de cada um dos protagonistas. E podres é justamente a palavra a ser usada (para mim essa é uma palavra muito forte e eu não gosto de usá-la, mas é perfeita para marcar o quão grave são os problemas apontados).
É fato que o narrador mostra muito mais os pontos negativos e eu como leitora tentava enxergar nas entrelinhas todas as qualidades daquelas pessoas. Gente simples, gente comum, gente boa (exceto você, Simon. Não consigo enxergar nada de bom em você!), gente como nós. É muito fácil se identificar com os protagonistas de Morte Súbita.

A trama gira em torno da vida de Pagford e seus moradores. O que cada um pensa, como levam suas vidas, como enfrentam seus problemas e criam outros.
Morte Súbita é uma história encantadora, que parece simples mas guarda tesouros imensos em suas páginas. E quanto mais o tempo passa, mais eu penso sobre tudo o que o livro retrata (jogadas políticas, desgaste de um casamento, pobreza, drogas, violência doméstica, adultério, dificuldade de se relacionar, adolescência, bullying, autoflagelação, problemas mentais, obesidade, xenofobia) e gosto ainda mais da história.
Todos esses assuntos que eu realcei são parte intrínseca da história e é por isso que é impossível fazer uma resenha decente desse livro. Rowling conseguiu escrever uma história maravilhosa de ser lida e ao mesmo tempo muito completa e complexa. Segundo a própria autora é uma "grande história sobre uma cidade pequena".

Eu já gostava de J.K. Rowling, mas agora sou definitivamente apaixonada pela autora e espero que ela escreva muito mais livros parecidos com esse.
Se você ainda não leu Morte Súbita, se jogue - é um livro excepcional cuja leitura vale e muito a pena!


P.S.: Talvez não tenha sido intencional, mas a Rowling mandou muito bem ao escrever um livro para adultos.  O público alvo do livro é diferente, mas na prática o livro vai atingir o mesmo público de Harry Potter.
Como assim?
Aquelas crianças que cresceram lendo as aventuras do bruxinho (a.k.a. eu!) cresceram e hoje já são adultos e vão apreciar muito o novo livro da diva.

P.P.S.: Os adolescentes desse livro são tão "pé no saco" que a minha vontade de ter filhos até diminuiu um pouquinho. De verdade.

P.P.P.S.: Achei muito estranho a Nova Fronteira não ter colocado o símbolo da editora na capa brasileira. Marketing, Nova Fronteira, marketing.


Nota: 


4 comentários:

  1. Uau...
    5 estrelas!!!
    Tô louca para ler, sua resenha está ótima e tenho certeza que deixou todos nós bem curiosos!!!

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  2. Thatá, eu ADOREI o livro *-* Espero que consiga lê-lo em breve e que goste tanto quanto eu gostei :)

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  3. Nanie, gatíssima, ainda estou me arrastando na leitura. Mas tenho cá para mim que quando eu deslanchar, vou amar!

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  4. Van, não sei se o livro vai fazer o seu estilo... porque não muda muito do início para o final - é sempre o mesmo ritmo. É bastante realista e descritivo e me cativou à beça :D

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