quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Filme: A Viagem (Cloud Atlas)

Um filme para encantar e confundir.



A Viagem (Cloud Atlas), 2012
172 min.
Dirigido por Tom Tykwer, Andy Wachowski e Lana Wachowski
Escrito por Lana Wachowski, Tom Tykwer e Andy Wachowski baseado no livro de David Mitchell
Com  Tom Hanks, Halle Berry, Hugh Grant, Jim Broadbent, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Doona Bae, Ben Whishaw, Keith David, Susan Sarandon
Mais informações sobre o filme no site do IMDB

Tudo está conectado.
Passado, presente, futuro.
A ação de um indivíduo pode ter sido influenciada por inúmeros atos do passado e essa mesma ação irá modificar o futuro do mundo.
Passado, presente, futuro. Tudo está conectado.


Cloud Atlas é como a Rússia.
(Você só vai entender isso lendo a resenha inteira e tem tudo a ver com a declaração de Churchill sobre este país.)

Primeiro, se você quer assistir a esse filme, prepare-se! São quase três horas sentado para conseguir ver essa história maluca.
Sim, maluca - não há melhor palavra para definir esse filme (talvez confusa também funcione). Se você viu o trailer e ficou completamente perdido, durante 160 minutos do filme é exatamente assim que você vai se sentir. Não que no final tudo se encaixe e miraculosamente faça todo o sentido do mundo - não é assim. Mas você vai começar a fazer as conexões e entender as implicações de tudo o que está sendo dito no filme. E não simplesmente nos últimos dez minutos, mas duas horas depois, durante a noite, no dia seguinte.
Eu não consigo parar de pensar em Cloud Atlas desde que o vi ontem.

É isso aí, a história baseada no livro da David Mitchell tem muito a dizer. Eu assisti o filme ontem e por isso ainda estou digerindo a história - acho que se ver pela segunda vez vou enxergar muitas coisas que não vi da primeira - honestamente acho que esse é um filme para ver e rever e se surpreender a cada vez.

Um infográfico mais simples para quem ainda não viu o filme.
Clique para ampliar.
A fotografia do filme é maravilhosa! Os cenários são deslumbrantes, os efeitos especiais são de arrepiar e os figurinos perfeitos. Na parte visual não há onde botar defeito.
Nem na trilha sonora  - aliás, que trilha sonora é essa? Se tiver para vender, eu vou ter que comprar porque é realmente muito boa!
O que falar dos atores?!
As atuações estão impecáveis e é muito divertido ver o mesmo ator interpretando tantos personagens diferentes - é realmente incrível! Confesso que alguns eu não reconheci (o Hugh Grant, por exemplo, eu só reconheci no papel dos anos 70) e só fiquei sabendo que era o mesmo ator quando no final do filme, de uma forma muito bacana, os atores principais são mostrados encarnando os papéis que fizeram no filme (sério, é fantástico ver esse pedacinho no final, portanto, por mais que seu traseiro esteja amassado depois de tantas horas de filme, aguente mais um pouquinho - ou levante e fique assistindo - até poder ver esse pedacinho).
Realmente os figurinos e maquiagem estão um arraso.
Se você já viu o filme, não perca esse infográfico que é incrível (só para quem assistiu, porque conta muita coisa).

À princípio eu achei que a história do filme pecava um pouquinho - por ser um tanto confusa. Mas agora eu já não penso assim. Realmente o filme não tem uma continuidade - não da maneira tradicional.
São seis histórias paralelas, todas conectadas de alguma forma (o infográfico acima mostra essa conexão também, mas reforço que você não deve acessá-lo se ainda não viu o filme) que são contadas ao mesmo tempo. Por isso, quem está assistindo pode ficar um tanto confuso - não é fácil ver a conexão entre elas logo de cara. Na realidade, a conexão é bem tênue e delicada. Entretanto, as diferentes histórias são bem demarcadas e o espectador não fica em dúvida quanto a qual está sendo narrada no momento.
Não tente entender toda a história ao sair do cinema. Aliás, não tente entender tudo - porque há coisas demais para serem entendidas. E o que me parece é que quando percebo uma coisa, outra se perde e depois eu a encontro novamente.
Entretanto, de alguma forma acho que esse estranhamento, essa confusão, é proposital - porque a cada momento que passa eu me vejo gostando mais e mais desse filme.

Uma das cenas mais divertidas
Uma das citações que eu mais gostei foi ao final do longa quando um personagem diz "o que é o oceano senão uma imensidão de gotas" (não exatamente com essas palavras, porque eu já esqueci a citação exata). A reflexão a qual o filme leva aquele que o assiste (ou ao menos deveria levar) é profunda e nos faz pensar o quanto deixamos de fazer por sermos apenas uma "gota". Aliás, o filme vai muito além disso: você vai pensar em liberdade, escolhas, revolução, aceitação... são muitas coisas, muitos pensamentos.

Se você leu as informações do filme atentamente lá em cima viu que a história foi baseada em um livro! É isso mesmo, mas o livro ainda não foi traduzido para o português (hey, editoras, estão comendo moscas?! O livro já deveria ter sido comprado, traduzido e publicado a uma altura dessas).
Embora esteja muito curiosa sobre a história do livro (porque apesar de não ter as magníficas imagens que eu pude ver nas telonas, imagino que tenha entrelinhas que costurem melhor a história e a deixem ainda mais gostosa), não sei quero ler o livro em inglês, porque tenho medo do nível de proficiência na língua exigido para compreender a história.
Além disso, essa loucura da falta de continuidade - que dá um brilho extra à história - não existe no livro. No original, David Mitchell conta cada história separadamente, evoluindo no tempo. Fiquei curiosa para saber se há relação entre os personagens como no filme...
Uma coisa que me deixa triste é pensar que o livro deve ser publicado por aqui em breve, mas provavelmente terá o título trazido para o mesmo nome do filme: A Viagem. Não gostei desse título... não é profundo como o nome original.


Se você costuma não prestar atenção nas legendas, leve o seu óculos dessa vez, porque você vai precisar. Eu sou do tipo que esquece que as legendas estão ali, mas dessa vez precisei recorrer às letrinhas na parte inferior da telona várias e várias vezes. Isso porque a linguagem do filme é bem maluca (e muda de acordo com as épocas que estão sendo retratadas) e conta até mesmo com algumas gírias dos "anos vindouros". Dá para entender? Sim, mas se você não é totalmente fluente no inglês (como eu), pode ter alguma dificuldade. Todavia, preciso ressaltar o quanto isso é perfeito - só deixa o filme ainda melhor.

Fui ler um artigo falando sobre o filme, já depois de ter escrito grande parte dessa resenha (quase toda a resenha, daí gostei tanto que tive que escrever esses últimos parágrafos) e descobri alguém falando exatamente o que eu gostaria de falar. O artigo é de Robert Ebert e pode ser lido nesse link.

Ele disse que viu o filme uma vez, duas vezes e quer assistir uma terceira vez, mas ainda assim sem esperança de conseguir entender tudo. Ainda empresta as palavras que Churchil usou para descrever a Rússia: "é uma charada, embrulhada em um mistério, dentro de um enigma". E eu preciso dizer: é isso aí! Descreveu o filme perfeitamente!

Caraca, que texto maravilhoso o de Robert Ebert (será que um dia eu conseguirei escrever bem assim?!)!
Mas antes de finalizar essa resenha, eu preciso emprestar outra frase contida na resenha dele, essa que ele diz que sairá da boca de muitos (e, mais uma vez, eu concordo com o crítico): "Eu não sei o que diabos vi". Peraí, eu quase sei. Poderia falar sobre o filme por horas e mesmo assim ainda teria muito para dizer (acho que dá para perceber pelo tamanho da resenha e pelo quanto falo desse filme agora... acho que minha irmã  já não me aguenta mais falando tanto de Cloud Atlas).


Devo dizer que estou triste por ter ido ao cinema sozinha - eu adoraria discutir essa história por horas e horas a fio, mostrando a minha teoria e concordando/discordando da teoria de outros. E devo dizer também que fui sozinha, mas mesmo assim fico falando do filme no twitter, no ouvido das pessoas que estão à minha volta... Acho que esse filme definitivamente irá entrar para a minha lista de favoritos... será?! Preciso ver de novo antes disso acontecer.
Esse é definitivamente um filme para ser debatido. E será. Muito.

Sabe de uma coisa?! Eu não sabia que eu tinha gostado tanto assim do filme, até começar a escrever a resenha. Eu tento procurar algum defeito, mas não encontro... e embora tenha assistido à história ontem mesmo, já estou com vontade de ver novamente e rever depois disso e assistir muitas outras vezes. Até porque 172 minutos de filme nunca passaram tão rápido e de uma maneira tão brilhante assim!

Portanto, eu preciso rever o filme. E preciso da trilha sonora.
E você?! Você precisa ver esse filme. E ler a resenha de Robert Ebert (porque o cara escreve muito bem).

Vale a pena conferir esse filme!

P.S.: Enquanto eu estava revisando essa resenha e fazendo o upload das imagens para o post, postei um tweet dizendo "Quero ver Cloud Atlas de novo" e abaixo segue o print do que eu falei para a Lívia, que me perguntou o que eu achei do filme.
É sério, a cada momento que passa eu amo mais e mais essa história.
(E, não, as nuvens do background do meu twitter não são por causa de Cloud Atlas... elas já estavam lá antes.)


14 comentários:

  1. Esse será meu filminho do final de semana. E Nanie, assista Detona Ralph!!! Uma animação incrível!!! A Sá e eu amamos!

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  2. A revista veja detonou com esse filme em uma crítica =/


    Nanie, o que significa Cloud Atlas em uma tradução literal?
    (Ou livre, sei lá.)

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  3. Van, eu amei Cloud Atlas e espero que você goste bastante também. ;)
    O filme é bem louco, mas ao mesmo tempo é absolutamente incrível.

    Eu vi Detona Ralph e adorei, até gostei sobre ele aqui no blog: http://www.naniesworld.com/2013/01/detona-ralph-wreck-it-ralph-disney.html

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  4. Adriana, tenho certeza que muita gente não vai gostar, mas ainda assim continuo dizendo que amei o que vi :)

    Então, traduzir esse nome é furada. Atlas é a mesma coisa em português. E cloud é nuvem. A escolha desse nome tem todo um fundo filosófico, portanto a tradução não tem como captar isso totalmente. Mas acho que A Viagem não foi uma boa escolha, não foi tem muito a ver com o filme. Eu colocaria algum termo relacionado à cartografia no título e que passasse a ideia de conexão.

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  5. Quero muito vê o filme.
    Vi apenas o trailer dele já faz uns dias e desde então quero vê-lo.
    Gostei do post.
    Bjos.....

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  6. Dany, o trailer não faz jus ao filme, que é incrível!

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  7. Amada, assim como você fiquei alucinado com o filme. Ele prima pela excelência explicada através dos detalhes, mostrando o que nos conecta não são os grandes feitos, mas os pequenos detalhes (ou seriam marcas) que ultrapassam as vidas. Beijos

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  8. Danilo, o filme é maravilhoso, né?! São tantos detalhes, é tanta coisa - eu achei tudo de bom! E quanto mais o tempo passa, mais eu me apaixono por Cloud Atlas :D


    E a trilha sonora?! Caraca, ouço todo dia :D

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  9. Preciso de spoilers desse filme, porque, a cada resenha que leio, mais confuso e sem noção ele parece ser :S Não sei se eu ia gostar.

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  10. Cíntia, não tem como dar spoilers desse filme! Ele é confuso, ele é sem noção, mas se você prestar bastante atenção e refletir sobre tudo o que é mostrando, vai começar a encontrar muitas mensagens do filme e algumas coisas vão fazer sentido - mas não tudo!


    Olha, a maioria das pessoas com quem eu tenho falado odiou o filme, mas eu amei! Acho que é daqueles 8 ou 8000 - ou ama ou odeia mesmo.
    Achei brilhante a forma como ele foi mostrado... puxa, sou super suspeita para falar porque estou maravilhada com esse filme e ele já se encontra entre os meus favoritos *-* QUERO MUITO LER O LIVRO :D

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  11. Quem escreve a critica na revista veja deveria lembrar de uma cena no filme que envolve critica e exagero na mesma, principalmente na definicao de critico...

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  12. Com certeza procurarei alguma coisa com mais essência para gastar minhas próximas 3 horas...

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  13. Nani , o filme e maluco beleza , o Raul Seixas iria amar , acredito que entende-lo e compreender todas as ligacoes dos personagens do passado e do futuro sera necessario assistir umas 10 vezes , mas de cara da pra notar alguma relacao tambem com o espiritismo , pois parece que as vidas vividas em outras epocas sao as mesmas almas so que comportamentos e carater diferente em cada epoca e muito doido e por fim e espetacular , assistirei mais uma vez agora com minha filha pra debater e tentar entender um pouco mais , Felicidades e parabens pelo Blog .

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  14. Jaime, é verdade, o filme é um tanto "maluco beleza", mas não de uma forma sem propósito - existem muitos significados ocultos ali - acho que nem mesmo vendo o filme dez vezes teríamos uma certeza... acho que além de "maluco beleza" ele também é uma "metamorfose ambulante", pois a cada vez que o vemos achamos que tal atitude pode ter um motivo diferente.
    É um filme muito bacana e certamente um excelente tópico para discussões ^^
    Com certeza a história tem um pé em alguma doutrina espírita ^^

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