Drácula, de Bram Stoker

Drácula, de Bram Stoker

Martin Claret - 435 páginas

O livro que tornou o vampiro um ser famoso na literatura e temido até mesmo na vida real.

Título: Drácula: O Vampiro da Noite

Título Original: Dracula

Autor: Bram Stoker

Tradutor: Maria Luísa L. Bittencourt

Editora: Martin Claret

ISBN: 85-7232-570-0

Ano da Edição: 2003

Ano Original de Lançamento: 1897

Nº de Páginas: 435

Comprar Online: Saraiva / Submarino

Sinopse:
Jonathan Harker acaba de se tornar um advogado e a pedido de um grande amigo parte para o castelo do Conde Drácula para cuidar da compra de uma propriedade londrina.
O que o pobre Harker não imaginava é que se depararia com um ser diferente de tudo o mais que já vira em sua vida até então e que teria que lutar pela sua sobrevivência e a de seus entes queridos.


O que eu achei do livro:
Essa resenha vai ser difícil, então vou tentar falar aos pouquinhos para conseguir comentar sobre tudo o que quero.

Para começar, Drácula foi publicado no final do século XIX e foi o grande responsável pela "popularização" do vampiro nos anos vindouros.
Bram Stoker não foi o responsável por criar a criatura - cujas origens remontam a lendas milenares de diversas culturas. É claro que cada vampiro tem características diferentes uns dos outros, mas o vampiro moderno, conforme conhecemos (e, por favor, não estou falando dos Cullen, mas do ser vampiro conforme pensamos), foi criado por Stoker. Ele estudou as aparições dessas criaturas em algumas culturas e criou a sua versão: só saem a noite, bebem sangue, transformam outras pessoas, têm medo de símbolos religiosos, precisam de sua própria terra para descansar durante o dia, são belos, podem se transformar em outros seres como morcegos ou lobos, têm força sobrenatural e o poder de paralisar a vítima, convencendo-a a fazer o que quer.
Resumindo, Drácula é o vampiro tradicional - malvado. Na história narrada por Stoker, os mocinhos têm a dura e árdua missão de dar cabo desse ser centenário que constitui um perigo para os seres vivos.

A trama de Drácula é contada em formato epistolar, através de cartas e diários. É uma forma bastante diferente de acompanhar uma história - ainda mais porque não é apenas a correspondência entre duas pessoas - são vários os personagens que deixam o seu ponto de vista durante a narrativa, através de cartas ou de seus diários pessoais: Jonathan, Mina, dr. Seward, Lucy e Van Helsing, com maior frequência, embora ainda haja notícias de jornais e até mesmo um diário de bordo.
O autor não faz uma diferenciação muito gritante entre a narrativa de cada um dos seus personagens - o que mais evidencia quem está narrando não é a maneira de contar ou de escrever, mas a personalidade (antes da mudança de narrador, sempre há uma indicação clara - o leitor não se sente perdido em momento algum). Ah, sim, as personalidades dos protagonistas são muito bem definidas! Há algo em comum entre eles - os homens são um tanto machistas (o que é totalmente desculpável, afinal de contas, eles não são muito machistas, principalmente levando em conta que viviam no século XIX) e as mulheres um pouco indefesas. Um pouco indefesas, com destaque para o pouco - porque Mina mostra o seu valor. Ela tem vontade de participar, fazer as coisas, tomar decisões - é uma mulher muito corajosa e muito participativa. Dá gosto ver uma personagem assim.

Não espere um livro dinâmico, cheio de aventuras, de leitura rápida, entretanto. É muito gostoso ler Drácula, mas o livro é um clássico escrito há muitos anos. O estilo da escrita é um pouco mais pesado e a narrativa é lenta.
O início do livro é bem devagar - enquanto o leitor é ambientado na história. O autor é bem competente em criar uma névoa de mistério e suspense entorno da trama - fazendo com que o leitor entre de cabeça na trama e se sinta envolvido nas aventuras dos personagens. De acordo com que a história vai evoluindo, o ritmo vai melhorando e a leitura fica um pouco mais rápida.

Drácula é o grande personagem da trama - afinal de contas, ele é o vampiro que coloca em risco a vida não apenas dos protagonistas, mas também de toda a humanidade - um ser quase irreal e cuja existência é posta em dúvida por muitos. Ele é o grande vilão do livro, mas, apesar disso, sua participação na história é pequena - mais como um plano de fundo, aquele a quem se deve temer e que precisa ser destruído.
Quem mais aparece e realmente toma ação são os mocinhos: Jonathan, dr. Seward, Van Helsing, Quincey, Lorde Godalming, Mina e Lucy.
Um deles em especial, o professor Van Helsing, toma a frente de tudo e é o único que consegue enxergar além da névoa causada pelo desconhecido - ele é o tipo de personagem que gosta de fazer muitos mistérios antes de revelar a verdade para os seus companheiros, mas é muito amigo, valente e determinado.

O livro é muito bom, a história bastante diferente e super gostosa de ler. O único pecado é a narrativa um pouco lenta, que torna a leitura mais arrastada. Ainda assim, entretanto, essa é uma leitura ultra recomendada - se você ainda não conhece o Conde Drácula em sua versão original, precisa ler a história de Bram Stoker.

Esse é o único pecado da história criada por Bram Stoker, mas infelizmente não o único pecado da edição que li.
Apesar de recomendar - e muito - a leitura desse livro, não recomendo que ela seja feita na edição da Martin Claret, que é muito ruim.
Não falo isso levianamente não e vou mostrar os pontos que mais me decepcionaram quanto a essa edição.

Os problemas já começam antes mesmo da história.
Há uma introdução falando sobre os vampiros: diferentes tipos, aparições na literatura e no cinema, entre outras coisas. A ideia da introdução é muito bacana e poderia ter ficado incrível se tivesse sido bem escrita.
Não há indicação de quem foi o responsável por escrever o texto, mas o resultado final ficou pior do que um trabalho de um aluno mediano da terceira série. Partes inteiramente copiadas de outros lugares - frases mal formuladas, mal traduzidas.
Que me desculpem a sinceridade, mas se fosse um trabalho de um aluno que eu tivesse que avaliar, levaria zero e um sermão sobre como fazer um bom trabalho de pesquisa.

A tradução do texto em si também ficou bem ruim. E dessa vez não estou dizendo isso apenas de uma percepção durante a leitura não. Agora que estou virando fã  de ebook (quem diria, né?! Ok, isso foi um pouco de exagero também), baixei a versão original do livro (gratuita na Amazon) e pude comparar as duas. Definitivamente, a tradução do livro deixou a desejar.

Essa coleção da Martin Claret - a obra-prima de cada autor - já teve um preço muito bom e muito abaixo de qualquer outro disponível no mercado - o que fazia com que valesse muito a pena comprar os livros. Hoje o preço está mais alto e, no caso de Drácula que não recebeu a devida atenção, vale a pena comprar outras edições disponíveis no mercado.

Se fosse apenas pela história em si, daria nota 9 ao livro, tendo em vista que a narrativa é demasiado descritiva em alguns pontos, tornando a leitura um pouco arrastada, embora a história seja incrível. Porém, tenho que levar em conta a edição do livro também - que ficou muito ruim - e por isso a nota geral fica 6.

Drácula não é um clássico à toa. Apesar de ter sido escrito há mais de cem anos, a história ainda é capaz de encantar leitores de todas as idades.
Um romance que vale a pena ler, principalmente para conhecer o vampiro mais famoso da literatura.


P.S.: Esse foi o livro escolhido por vocês na coluna "Escolha para a Nanie". Já tem uma nova votação no ar e ela será encerrada na próxima semana - já que terminei a leitura pregressa.
Obrigada pelo auxílio na escolha dos livros - vocês estão caprichando.


P.P.S.: Esse foi o primeiro livro que eu li para o Desafio Realmente Desafiante! Com isso eu elimino o item 7 ("Ler um livro que é citado em outro livro"), já que esse livro foi citado em A Passagem (entre outros tanto, né?! Drácula é pura referência).


P.P.P.S.: Espero ter conseguido o meu intuito com essa resenha. Falar o quanto a história de Bram Stoker é boa, na minha opinião, e o quanto a edição da Martin Claret ficou aquém do desejado por mim (tentei fazer a minha crítica sem faltar com o respeito. Se em algum momento me exaltei, peço desculpas e também que me apontem qual foi o trecho em que falto com o respeito para que eu possa arrumá-lo).


Nota: