segunda-feira, 15 de abril de 2013

Ponte de Outono, de Takashi Matsuoka

Ponte de Outono, de Takashi Matsuoka
Bertrand - 500 páginas
Uma envolvente saga - um olhar minucioso pela vida da família Okumichi através dos séculos no Japão dos grandes senhores.




Título: Ponte de Outono
Título Original: Autumn Bridge
Autor: Takashi Matsuoka
Tradutor: Marcia Heloisa Amarante Gonçalves
Editora: Bertrand
ISBN: 978-85-286-1312-4
Ano da Edição: 2008
Ano Original de Lançamento: 2004
Nº de Páginas: 500
Comprar Online:
Inglês: Amazon / Book Depository
Português: Cultura / Saraiva / Submarino


Sinopse:
Takashi Matsuoka narra a vida da família Okumichi, um clã que detém um dom que é ao mesmo tempo uma bênção e uma maldição: o poder de conhecer o futuro.

A clarividência se manifesta de diferentes maneiras ao longo das gerações e em Ponte de Outono o leitor é levado a conhecer Shizuka, no século XIV, a bruxa que inseriu seus poderes no sangue do clã; Kiyori, um dos grandes Senhores do clã que só tem o poder da vidência através de seus encontros com o fantasma de Shizuka e Genji, sucessor de Kiyori, que sabe que terá apenas três visões na vida - ambos no século XIX.


O que eu achei do livro:
Ótimo.

Takashi Matsuoka me transportou para o Japão nessa história encantadora! Com passagens no século XIV e no século XIX, o autor faz com que o leitor se veja imerso na tão diferente cultura oriental dos samurais.

O livro é bastante descritivo, mas o autor foi competente o suficiente para não deixá-lo maçante. Mas o leitor precisa ficar bastante atento às datas antes do início de cada pedaço da narrativa, pois Takashi Matsuoka não é linear ao contar sua história e visita acontecimentos do passado, presente e futuro enquanto traça a sua narrativa. Não há perigo de se perder - confesso ter ficado temerosa no início da leitura quando vi que o autor mudava o ano da narrativa a todo tempo - desde que fique atento às datas.

O ambiente criado por Matsuoka é bastante fiel ao que já estudei sobre o Japão nesse período. Além disso, a inserção de ocidentais no meio de sua história faz com que tenhamos ao menos dois pontos de vista de tudo o que está acontecendo nessa fase tão importante da história japonesa, já que a principal parte da história se passa no final da Era Tokugawa, logo antes da tão famosa Restauração Meiji. É possível ver os samurais, sua atuação, o que eles pensavam e qual era o pensamento dos camponeses que deveriam se curvar ante a qualquer mando e desmando de superiores... ao mesmo tempo, é possível ter uma ideia do que os estrangeiros pensavam daquilo. E tudo isso está apenas nas entrelinhas da história principal, que é acerca do poder precognitivo do clã Okumichi.

Os personagens criados pelo autor são fenomenais!
Complexos e completos, eles encantam por transmitir as ideia de uma geração completamente diferente e também pela sua cultura tão diversa daquilo a que estou acostumada. Achei muito inteligente alguns dos pensamentos do Senhor Genji, embora a lógica oriental que ele seguia às vezes não me parecesse tão lógica assim (entrementes, é interessante também a maneira como o autor narra toda essa lógica, de forma que o leitor não se sente perdido); me encantei com as reflexões da missionário americana Emily, que já residia no Japão há alguns anos e apesar de sua pesada doutrina cristã conseguia entender melhor o mundo oriental no qual esteve inserida durante tanto tempo; fiquei um pouco perturbada com a extrema lealdade e servidão de Hanako, a esposa do samurai mais leal ao Senhor Genji.
São muitos personagens e nenhum deles fica em segundo plano - achei maravilhosa a maneira como o autor conseguiu explorar cada um deles e dar a devida importância a seus atos.

Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a forma como o autor tratou o futuro.
Sendo este o dom do clã Okumichi, é o ponto central da trama. Mas o futuro nada mais é do que um passado que ainda não aconteceu - e essa é uma visão que me causou certo estranhamento, mas que também me maravilhou. Segundo a visão de Matsuoka ver o futuro é simplesmente ter um conhecimento prévio do que irá acontecer, pois é impossível modificá-lo.
Já li alguns livros cujos personagens pudessem prever o futuro, mas na maioria das vezes o objetivo era exatamente tentar mudá-lo. Era certeza da inevitabilidade do destino e da insignificância dos atos de cada um perante ao todo é algo que me surpreendeu e encantou.
Muito diferente, mas muito belo.

A edição da Bertrand ficou linda demais! A capa é maravilhosa - dá uma ideia bastante oriental, o que combina muito com o livro - ao mesmo tempo que passa uma sensação de serenidade, justamente o clima que a leitura passa. Além disso, a diagramação interna também ficou linda.
A revisão/tradução, embora eu não tenha tido acesso ao original, está muito boa e a leitura flui de forma deliciosa.

O livro chegou muito perto de ser excelente, mas algo me desagradou um pouquinho: o final.
Primeiro, acho que é importante dizer que esse livro, Ponte de Outono, veio depois do Bando de Pardais, livro de estreia do autor que se passa no mesmo universo, com os mesmos personagens. É possível entender toda a história sem ter lido o outro livro (eu mesma, que desconhecia o fato de que as duas histórias tinham algo em comum além do autor, não li Bando de Pardais), mas talvez lendo Bando de Pardais algumas coisas que não foram respondidas tenham a tão ansiada resposta.
Não que isso justifique, ainda mais sendo Ponte de Outono um livro independente. Aliás, eu desconfio que o que ficou em aberto nesse livro, assim ficaria tendo lido ou não Bando de Pardais.
Como uma saga familiar, é bastante claro que o autor não iria contar detalhes de cada uma das gerações ou ir indefinidamente para o futuro - nem eu desejava que ele o fizesse (ok, menti... eu desejava, mas não esperava. Sabia que o livro teria um fim em algum ponto). Na verdade, eu apenas queria saber um pouquinho mais sobre a geração posterior a Genji.

Um livro maravilhoso que me fez fã de Takashi Matsuoka! Uma história leve, mas ao mesmo tempo complexa, repleta de intrigas, lutas, amores, Ponte de Outono é uma leitura mais do que recomendada.
Agora espero poder ler Bando de Pardais para poder, mais uma vez, desfrutar de uma leitura tão agradável quanto foi a deste livro.


Nota: 


20 comentários:

  1. Não sou tão fã assim de história japonesas, não conhecia o livro mais fiquei com vontade de quero mais.
    Gostei da resenha.
    Beijos...

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  2. Dany, para quem é fã de cultura japonese o livro é ainda mais gostoso, né?! Mas mesmo quem não liga, irá gostar bastante da história, porque ela foi muito bem escrita!

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  3. Nunca li nenhuma história Japonesa, nem mesmo de um autor japonês, nem nada do tipo, mas é uma cultura muito linda e eu tenho curiosidades a respeito. Não vi muita divulgação e etc sobre o livro, mas eu acho maravilhoso quando um autor consegue aprofundar as histórias dos personagens, odeio quando eles enchem de personagem que no final das contas não vai ter nenhuma serventia...

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  4. Inês, nunca leu nada de história japonesa?! Eu sou suspeita, porque adoro a cultura oriental e já li muitas coisas por causa dessa paixão :D
    O Takashi Matsuoka não é japonês, ele é americano (mas é filho de japoneses!), mas escreve de maneira maravilhosa sobre a cultura do país de seus antepassados.
    É muito, muito bom acompanhar essa história :D

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  5. Eu amo aventuras e romances baseados no século XIV, XV e XVI passados no Japão ou China. Sempre que leio algum desses romances, me transporto para aquelas paragens e parece que vivencio cada acontecimento. Amei sua resenha e pretendo ler o livro.
    Maristela G Rezende

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  6. Maristela, eu adoro a cultura oriental também - seja no passado ou no presente!
    Há algo no Japão feudal que é encantador, talvez o grande distanciamento da cultura local do que conhecemos hoje em dia. Vale a pena ler esse livro :D

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  7. Uma pena que o final te desagradou, Nanie.
    Pelo o que você comentou, o livro parece excelente!
    Beijos
    Camis

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  8. Camis, não é que eu não tenha gostado do final, na verdade eu gostei! Só queria saber mais alguns detalhes e um pouquinho mais do "futuro" que o autor não gostou >< hahaha ainda assim o livro é maravilhoso!

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  9. Eu nem sou muito fã da cultura japonesa, mas quando li memorias de uma gueixa, fiquei curiosa, e achei o livro muito bom, esse tbm parece ser, e espero um dia ter a oportunidade de poder ler!
    bjos

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  10. Daniela, eu já li Memórias de uma Gueixa (é incrível!) e esse é tão bom quanto o outro - uma leitura verdadeiramente deliciosa!

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  11. Acho a cultura japonesa muito interessante. Desde Memórias de uma Gueixa, fiquei maravilhada! Esse aqui além disso, ainda tem bruxas e videntes, isso me deixa muito curiosa. Talvez no proximo livro tenha algo a mais sobre as outras gerações e mate sua curiosidade, hehe.

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  12. Karolyne, eu acho a cultura japonesa fascinante *-*
    Nesse livro também dá para ver um pouco da cultura deles e o quanto difere da nossa, é magnífico! Vale a pena ler =)

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  13. Histórias ambientadas na cultura japonesa são sempre interessantes <3
    Especialmente se forem cheias de descrições que não deixam maçante, fiquei curiosa... ainda mais, 500 páginas XD

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  14. São mesmo, Paat! Acabam nos mostrando realidades e costumes muito diferentes - o que sempre é bastante interessante!
    Esse livro é extremamente gostoso!

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  15. Muito legal ver a cultura japonesa nos livros! Me interessei demais pela obra. O assunto abordado também parece ser algo bem inovador (não me lembro de ter visto algo do tipo antes). Ótima resenha! :D

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  16. Andrey, eu também adoro ver isso - é tão bacana, né?!
    O livro é bastante diferente e extremamente gostoso de ler - vale a pena :)

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  17. O livro deve ser muito bom. Será muito bom que me transporte para o Japão também. Adoro livros que nos fazem pensar em como são os lugares! Adorei aqui! Beijinhos.

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  18. Nunca li nenhum livro escrito por um autor japonês. E também sei pouquíssimo sobre a cultura e história japonesa. Os únicos contatos que tive foram com os animes e os tokusatsus que passavam na TV. Então acho que por essa trama ter uma boa parte sendo desenvolvida em uma era importante na história japonesa, acho que deve dar uma pequena noção de como as coisas funcionavam.
    Não tenho certeza, mas me passou a impressão de a narrativa ser um pouco mais lenta. Isso seria um problema pra mim, mas se ela não fica maçante em nenhum momento, acho que vale a pena dar uma conferida.

    @_Dom_Dom

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  19. Bom saber... esse tbm entrará na minha lista! bjos

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