quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Cisne, de Eleonor Hertzog

Cisne, de Eleonor Hertzog
Dracaena - 832 páginas
Um livro que tinha tudo para ser, mas não foi.



Título: Cisne
Autora: Eleonor Hertzog
Editora: Dracaena
ISBN: 9788582180372
Ano da Edição: 2012
Nº de Páginas: 832
Série: Uma Geração. Todas as Decisões. - Vol. 1


Fraco.

Um barco científico à bordo do qual vive uma das mais proeminentes famílias de cientista da Terra, os Melbourne.
Henry e sua esposa atuam como biólogos marinhos e fazem do Cisne, seu barco, um verdadeiro laboratório. Sua tripulação são seus filhos. Ted e Teo, os gêmeos mais velhos, Tim e Tom, mais uma dupla de gêmeos, Peggy, a filha adotiva, Pam, Lis e Bobby. Uma filharada sem fim que ajudam-nos na rotina do barco.

Quando seus filhos decidem fazer a prova para Champ-Bleux, a mais renomada escola de cientistas do mundo inteiro, não pensam que todos em idade escolar iriam passar - apenas Bobby não fez a prova.
Os pais, entretanto, ficam desconfiados. Todos sendo aprovados em seus primeiros testes? Todos ao mesmo tempo?
Há algo por trás disso. E a desconfiança só aumenta quando descobrem quem serão os colegas de seus filhos na nova escola.

Parece confuso? Na verdade, é um tanto confuso mesmo.

Conheci a autora Eleonor Hertzog em Ribeirão Preto, quando fui passar minhas férias por lá. Estávamos ambas hospedadas na casa da querida Vanessa Bosso e passamos horas (de verdade, foram horas mesmo, madrugada a dentro) conversando sobre literatura e o mercado editorial. Durante tal conversa, a autora falou bastante de sua vida enquanto escritora e também de seu livro. Fiquei impressionada ao saber que os personagens que compõe o mundo de Cisne a acompanham desde muito pequena - ela costumava contar a história a seus irmãos. Também me impressionou saber que ela escreve e reescreve essa história há anos! Fascinante!
Fui surpreendida minutos antes de ir embora com um presente da autora: um exemplar autografado de seu livro!

A resenha demorou a sair porque, para quem não sabe, o livro é um tijolo de tão grande e a leitura demorou mesmo. Mas comecei a me aventurar com os Melbourne tão logo voltei para casa - estava curiosa depois de escutar tantas coisas bacanas sobre essa história.

Primeiramente, quero falar sobre a escrita de Eleonor.
A autora escreve muito bem e tem uma narrativa interessante. A escrita dela é bastante primorosa e elegante, embora bastante regional. Eu li o livro escutando o sotaque da autora e a forma dela de falar (Eleonor Hertzog é gaúcha e sua narrativa é bastante carregada em gauchês).
Não que isso seja um ponto negativo, mas sem dúvida é algo que todos os leitores devem notar, pois é bastante presente na obra. Quem conhece a autora pessoalmente, então, ouve exatamente a voz dela narrando sua própria história, daquele jeitinho mesmo que ela fala.

Apesar da escritora ter talento para escrever, não foi fácil ler o Cisne.
Primeiro, pela falta de uma separação clara entre diálogo e narrativa (ponto que, segundo a própria autora já foi corrigido para as próximas edições). Pode parecer algo pequeno, mas realmente influenciou de forma negativa a leitura - tornando-a bem atravancada e a deixando mais lenta.
Imagina a cada diálogo ter que adivinhar se aquilo que vem depois da vírgula é a continuação da fala do personagem ou uma parte da narrativa? Realmente trava a leitura e a deixa bem lenta. Uma pena.

Além disso, a autora narra toda a sua história praticamente através dos diálogos e isso é outro ponto ruim do livro. Pautando todo o enredo sobre os diálogos, senti falta de uma ambientação melhor. Queria mais descrições dos próprios personagens, dos locais e das situações que estavam sendo narradas.
Não estou dizendo que o livro precisava ser daquele tipo chato, cheio de descrições longuíssimas. Sou mesmo do tipo que gosta de descrições (culpada, confesso!), mas não precisava ser nada muito elaborado. Em Cisne, entretanto, elas quase não existem e isso tornou muito difícil para que eu entrasse na história e me sentisse parte do que acontecia. Praticamente só tinha a voz dos personagens para me guiar.

Falando dos personagens, também preciso dizer que eles são todos muito iguais e isso é péssimo.
Todos os personagens são alto-astral, bem-humorados, brincalhões, espertos, inteligentes e têm bom caráter. Não há falhas, nem problemas! Tanto os adolescentes quanto os adultos seguem esse mesmo padrão. Eles não são apenas parecidos em suas personalidades (extremamente idênticos, aliás), mas também em seus tipos físicos (todos são altos e muito bonitos) e maneira de falar (adultos e adolescente utilizam as mesmas palavras e expressões).
Gosto de personagens mais humanos - aqueles que têm falhas, defeitos e cujos passados influenciam em suas atitudes e personalidades do presente. Gosto de odiar alguns personagens... Podem achar isso estranho, mas faz parte. Aquele personagem mal caráter que todos amam odiar? Faz falta quando não encontramos alguém assim.

Mas o que mais me incomodou mesmo foi o rumo que o livro tomou de repente.
Seguia uma história bacana, contando as peripécias de um grupo de irmãos que viviam em um barco de pesquisa. Eu não consegui realmente me conectar com os personagens, por serem muito iguais uns aos outros, mas a história seguia de uma maneira agradável e divertida.
Entretanto, de repente, o livro foi mudando de aspecto até tornar-se uma história política, falando sobre movimentos calculados e habilidade mentais mal explicadas.
No final das contas, a autora disse muita coisa, mas não explicou nem metade delas. Como leitora, terminei o livro bastante confusa e sem entender um bocado de coisas. A narrativa se molda como se o leitor soubesse do que está sendo tratado, porém, na realidade, não se sabe e não há grandes explicações. E eu odeio quando isso acontece! Mesmo sendo parte de uma série, eu não gosto quando muitas perguntas ficam em aberto, ainda mais quando as mesmas são essenciais para entender a trama. E, nesse caso, eu não entendi muita coisa. Terminei a leitura sem saber, na verdade, qual foi o propósito desse livro. Ele teve um início, teve um fim, mas qual foi o propósito da autora ao narrar tal história? O que ela pretende com aqueles personagens? Não faço ideia. Isso foi o que realmente me desagradou.

A leitura, entretanto, não é de todo ruim.
Eleonor Hertzog criou um futuro muito interessante para o planeta Terra - e é bem bacana ler sobre essa nova aparência e a nova realidade de nosso planeta.
Seria ainda melhor, contudo, se algumas informações essenciais não houvessem sido sonegadas.

Se quero ler o próximo? Talvez.
Estou torcendo para que a autora publique a versão ebook do livro, por um preço bacana, e daí eu me aventuro.
Mas, confesso, eu esperava bem mais da história. É bem escrita, mostra uma realidade diferente, mas falta algo. Falta uma estrutura que envolva mais o leitor, um esqueleto melhor delineado e um propósito. Fiquei meio perdida na leitura e, sobretudo, senti falta de me conectar aos personagens do livro.


Nota: 

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