segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A Obrigação de Ser Feliz

Não. Não. Não. Ninguém é obrigado a ser feliz. Aliás, a felicidade sem momentos de melancolia não faz sentido!

Eu tenho dias tristes.
Hoje não é um deles.


Estou cansada, mas não triste. Nem um pouco.
Hoje é um daqueles dias em que eu acho que tudo vai dar certo, que tenho o controle de tudo na minha vida (pobre de mim... tenho certeza que antes do almoço algo irá acontecer para me provar o contrário), que o futuro é belo, colorido e delicioso.

Tenho dias assim.
Dias que saio pela rua sorrindo feito doida para todo estranho que passa. Que vejo passarinhos, escuto seu canto e me sinto tocada pela beleza das flores que encontro pelo caminho.
Momentos em que todo mundo me parece lindo, interessante e boa pessoa.

Hoje é um desses dias.
Um dia feliz, colorido e alegre!
Um dia quente (embora, de fato, a temperatura esteja baixa, mas acho que dá para entender a figura de linguagem).

Não sei qual ideia eu passo aqui no blog e nas redes sociais. Gostaria que minhas palavras falassem uma coisa, mas frequentemente elas falam outras... Muitas vezes falam aquilo que nem me passou pela cabeça. Vai muito de quem lê também (claro que não irei admitir a minha incompetência com as palavras - isso nem me passou pela cabeça. "A culpa é minha e eu coloco ela em quem eu quiser", como diria Homer Simpson. E eu escolho colocá-la nos leitores).
Talvez quem lê os meus textos pense que sou uma pessoa melancólica, talvez pense que sou otimista demais, que vivo vomitando arco-íris, que não faço o menor sentido ou que sou uma pessoal totalmente sem sal.
Enfim, não importa.
O que quero dizer é que, independente do que minhas palavras passem, eu sou feliz.
Muito feliz. 
Mas não o tempo todo.

Claro que eu não sou feliz o tempo todo.
Isso deveria ser óbvio. Todavia, aparentemente, não é.

Toda vez que faço algum post um pouco mais melancólico (e por algum motivo que não sei explicar, sinto mais vontade de escrever quando estou me sentindo para baixo), as pessoas parecem entender que eu sou triste o tempo todo. Que preciso ser mais feliz.

Aliás, essa cobrança nem vem só da internet. Vem da vida.
Você deve ser bonito, rico, saudável, divertido, legal, extrovertido, feliz... Nem vou entrar no mérito de me encaixar ou não em todos os quesitos cobrados pela sociedade. Mas essa cobrança da tal felicidade é um saco.

Não dá para ser feliz o tempo todo. É simplesmente impossível ser feliz em todos os momentos... e até não faria sentido. Ou faria. Feliz daquele que é feliz o tempo todo.
Eu, porém, não sou.
Sou feliz grande parte do tempo, mas tenho meus momentos de tristeza, de reflexão. E, preciso admitir, sou um pouco mais feliz por ter tais arroubos de melancolia. Sei valorizar meus momentos de infelicidade e, por isso, sei valorizar meus momentos de alegria também.

Tenho momentos em que só quero chorar. Outros que tenho ataques de riso do nada (no meio do ônibus, em meio a estranhos que devem achar que sou louca. Mas tudo bem, já me acostumei a pagar micos em público e isso nem ao menos vem ao caso).
Choro. Rio. Sou feliz. Sou triste.
Faz parte. E eu aceito.

Não preciso explicar, mas sempre tento. Se eu tivesse que me definir, nunca diria que sou triste, que sou melancólica. Porém, de fato, tal estado de espírito de vez em quando toma conta de mim.
Na verdade, certamente faz parte de você também. De qualquer um que esteja lendo esse texto.
Talvez você não tenha lido, mas naquelas letras miúdas no final do contrato da vida estava escrito que ninguém poderá ser feliz o tempo todo.
Faz parte do ser humano.
E está tudo bem se sentir assim.

Guardar a tristeza a sete chaves, sair sorrindo para o mundo enquanto por dentro estamos em frangalhos também faz parte. Não vou dizer que não faço isso - porque eu faço e muito -, mas liberar a tristeza faz bem. Não faça isso sempre (até porque as pessoas acham que você deve ser feliz o tempo inteiro e irão encher o saco se souberem que você acordou em um dia ruim), mas faça de vez em quando.
É libertador se permitir ser triste, curtir uma fosse e estar para baixo. Não sempre, mas quando necessário. E, por incrível que pareça, faz bem.

Tenho que admitir minha covardia, porém. Não escrevi esse texto em um dia triste, embora esteja claramente falando que tenho dias tristes e gosto deles.
Contudo, me incomoda tanto ouvir as pessoas me dizendo que tenho que ser feliz (quando, de fato, eu sou feliz, só não naquele tal dia) e etc e tal que decidi escrever sobre o meu inalienável direito de ser triste em um dia feliz. Assim, ninguém precisa me dizer que tenho que ser feliz... porque sou e, inclusive, hoje estou super feliz. Quero lembrá-los, entretanto, do meu direito de estar triste de vez em quando.

Não sou feliz o tempo todo e, justamente por isso, sou uma pessoa bastante feliz!

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