terça-feira, 16 de julho de 2013

A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra, de Robin Sloan

A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra, de Robin Sloan
Novo Conceito - 288 páginas
Uma leitura agradável, mas que passou bem longe do que eu esperava do livro.



Título: A Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra
Título Original: Mr. Penumbra's - 24 Hour Bookstore
Autor: Robin Sloan
Tradutor: Edmundo Barreiros
Editora: Novo Conceito
ISBN: 978-85-8163-023-6
Ano da Edição: 2013
Ano Original de Lançamento: 2012
Nº de Páginas: 288
Comprar Online:
     Inglês: Amazon / Book Depository
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Sinopse: 
Quando Clay Jannon fica sem emprego, ele não imagina que a situação possa ficar tão ruim a ponto de ter que aceitar qualquer coisa.
Mas fica.

E assim ele aceita um trabalho no período noturno na Livraria 24 Horas do Mr. Penumbra. Que realmente fica aberta 24 horas, embora pareça não ter muitos clientes.
Mas a livraria ainda tem outras esquisitices além de ficar aberta o tempo todo para um reduzido número de fregueses. Ainda é preciso escrever no livro caixa não apenas o livro vendido e o valor, mas também as características físicas e emocionais dos clientes! Isso não é tudo, entretanto, a parte de livros normais é bem restrita e a maior parte da livraria está tomada por livros bastante estranhos, cujos títulos Jannon não consegue encontrar em nenhum outro lugar.

São muitos mistérios que não irão deixar Clay Jannon em paz enquanto ele não começa a fuçar para descobri-los.


O que eu achei do livro:
Regular.

Pode um livro te conquistar já no primeiro capítulo?
Mesmo que seja um capítulo curto e fale pouco da história?
Certamente conta a narrativa ter um ritmo gostoso, descrições envolventes que transportam o leitor para dentro das páginas do livro e um protagonista que sem contar a que veio já consegue cativar. Ainda assim, confesso, fiquei bastante estarrecida quando me vi completamente apaixonada por essa história antes mesmo de começar o segundo capítulo.

A propósito, meu livro favorito é Coração de Tinta, embora também goste muito de Quatro Estações, Um Estudo em Vermelho e Stonehenge.
Ok, mas isso nem vem ao caso.
Voltemos ao livro.

A escrita de Robin Sloan é incrivelmente deliciosa! Me senti vivendo as aventuras ao lado do protagonista e me deleitando página a página. A escrita é simples e o ritmo da história extremamente gostoso.

Mas se a escrita do autor é maravilhosa,  o protagonista cativante e o ritmo de leitura delicioso, por que o livro é apenas regular?
Porque a trama não convence!

Nem tudo precisa parecer provável e real, existem vários livros de fantasia por aí que acho fascinantes.
Mas no caso específico desse livro, que junta fatos reais a fatos fictícios, acho fundamental que a trama passasse um pouquinho mais de realidade. Eu absolutamente não consigo acreditar que algo como o grupo que é citado no livro exista realmente. Não da forma como o autor os retratou, é simplesmente absurdo demais e totalmente não verossímil. E tal grupo não é a única coisa na qual não consegue acreditar.

Outra coisa que também me desagradou um pouco é que o título, a sinopse e até mesmo a capa me prometeram algo bem diferente do que encontrei no livro.
Eu gostei de me deparar com uma história que fala tanto do Google (sério! A empresa é mencionada o tempo todo) e de novas tecnologias. Porém, eu esperava um pouco mais de livros e um pouco menos de computadores e código.
Primeiro, esqueça os livros! Se você espera encontrar alguma coisa relacionada a livros - mesmo que seja o amor pela literatura ou algo do tipo -, irá se decepcionar. O protagonista vai trabalhar em uma livraria, mas isso é tudo o que você vai ver de livros.
Segundo, o personagem principal do livro é ofuscado pelo Google. Chega a ser chato o quanto a corporação é citada e o quanto ela é essencial para o desenvolvimento da trama.

Além disso, o autor não foi muito feliz ao criar seus personagens. Clay Jannon é um cara com uma aura muito bacana, mas ficou genérico demais. Ele não tem nada que o defina diferente de todas as outras pessoas do mundo - isso é bacana em um ou dois capítulos, mas depois faz com que o leitor não consiga se sentir mais próximo do personagem.
E, infelizmente, não apenas ele, mas todos os personagens do livro são bastante rasos, quando não chatos. O que realmente é uma pena.

A trama é bastante corrida, cheia de mistérios e resoluções mirabolantes. Não é possível para o leitor tentar ir desvendando a trama aos pouquinhos, porque o autor não dá pistas de forma que isso seja feito. Apenas com o uso de tecnologias (algumas das quais nem ao menos existem), Jannon consegue seguir em frente.
Aqui é um dos pontos onde, a meu ver, faltou mais realidade. Ele consegue tudo com muita facilidade - quase um estalar de dedos para que tudo seja feito exatamente da maneira como ele precisa...
Faltou um pouco de obstáculos e, principalmente, de becos sem saída. Ao menos, na minha opinião.

O autor fala de várias tecnologias bem interessantes, como Ruby on Rails (que é uma linguagem muito bacana, mas não seria aprendida tão rapidamente quanto no caso de Clay), programação em 3D (que também não é tão trivial quanto o livro faz acreditar), escaneamento de livros inteiros (coisa que é feita hoje em dia, entretanto também não é simples como retratado no livro), além de várias ferramentas em hardware e software que são utilizadas, para ler imagens, corrigir, traduzir, encontrar erros. Enfim, é tecnologia para dar e vender.
Algumas existem, outros existem mas não da maneira como são citadas no livro e outras são pura invenção do autor. Cabe ao leitor pesquisar mais a fundo caso queira saber. Eu não reclamaria se no final do livro o autor tivesse inserido um capítulo explicando as tecnologias que cita.

O livro cita uma fonte (a importância da mesma você só descobrirá lendo): a FLC Gerritszoon, cujo nome foi dado em homenagem a seu criador Griffo Gerritszoon. A fonte citada no livro não existe e eu gostaria mesmo que o autor tivesse falado qual foi sua inspiração. Pesquisei bastante na internet, mas não há um consenso. A fonte Gerritszoon teria sido baseada na "Palatino", mas sua utilização seria mais parecida com a da "Times New Roman" (que é uma das fontes mais utilizadas por aí).
Seja qual tenha sido a inspiração do autor para criar a fonte que cita no livro, achei bacana como ele, mais uma vez, mesclou realidade e ficção.

A edição da Novo Conceito ficou maravilhosa!
Adorei a tradução/revisão e também todo o trabalho gráfico da editora.
Ainda acho que essa capa me enganou um pouco, mas não posso negar que a achei lindíssima!

No final das contas, o livro se mostrou algo bem diferente daquilo que eu esperava.
Apesar dos absurdos, entretanto, foi uma leitura muito gostosa e bastante agradável, com um final bacana e quase totalmente inesperado.
Então se você conseguir fechar os olhos para os acontecimentos totalmente distantes da realidade e não se preocupar com as soluções absurdamente fáceis encontradas pelo protagonista, é um livro que conseguirá te divertir por algumas horas.


Nota: 

13 comentários:

  1. Poxa, eu adorei o início do livro, mas não gostei da história. A narrativa é muito bem escrita, tem uns lances geek que acho o máximo. Mas a trama é bem ruim, quase abandonei. Uma pena, esperava muito e foi uma bela decepção.

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  2. Vanessa, eu amei o primeiro capítulo! Acho que só não detestei o livro porque o primeiro capítulo é bom demais, mas depois descamba um tiquinho... a narrativa do autor é maravilhosa - espero poder ler outros livros dele no futuro! O cara escreve mesmo muito bem - mas os personagens são fraquinhos e a trama é meio boba, né?!
    Eu esperava uma coisa completamente diferente... mais ligada aos livros e menos conectada à tecnologia... achei legal ver tanto Google, mas não era bem o que eu queria.
    Enfim, foi legalzinho de ler, mas tem muito livro melhor por aí!

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  3. Mais uma resenha que diz que o livro não é tão bom assim. Ainda quero ler, mas não tenho mais expectativas.


    Beijos,
    Carissa

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  4. Carissa, indo sem as expectativas erradas você talvez goste do livro muito mais do que eu... porque na verdade a narrativa do autor é bem gostosa, a trama é que meio furada >< Rs

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  5. Ei Nanie,


    Eu não pedi este livro, não sei nem porque, até hoje eu acho que passei batido um mês sem fazer pedidos hehe. Ou então pode ser que vi a nota no GR e não pedi, eu tenho esta mania, os livros da NC que não conheço autor nem nada eu sempre olho a média de la para saber como está, se está menos de 3,5 por ai eu nem pego hehe.
    Ai depois eu vi uma resenha e arrependi de não ter pedido. Mas depois fui vendo outras e acho que eu também não iria gostar tanto.
    Eu sempre questiono o fator fantástico em um livro que é na verdade "real", e se não convence eu desanimo total.
    Este vou passar. ^^
    bjs

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  6. Nanie!

    Eu ADOREI, esse livro, foi tudo o que esperava, só me decepcionei um pouco com o final, só não concordo em alguns pontos com a sua resenha.

    1. "Se você espera encontrar alguma coisa relacionada a livros - mesmo que
    seja o amor pela literatura ou algo do tipo -, irá se decepcionar." E a Unbroken Spine? Fora que Clay e a "equipe" trabalham na digitalização dos livros justamente pelo amor a literatura.


    2. Clay é web designer, e logo no comecinho ele cita que mexe com Ruby, pra fazer o site da lanchonete lá que depois fechou, logo ele entende de programação e não precisou aprender de última hora como foi citado por você.


    Gostei dos pontos levantados, cheguei a pesquisar muita coisa mesmo, inclusive a fonte e concordo, ele deveria ter feito um capítulo extra sobre. De fato, é um livro regular, mas me cativou muito no apelo tecnológico, o trabalho de pesquisa e tudo, dei 5 estrelas e não me arrependo HAHAHA.


    Abs :D

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  7. Nanda, o livro não é tenebroso e a leitura é divertida, mas não vai além disso >< Infelizmente a trama não é lá grandes coisas...
    Ah, isso é algo que sempre me incomoda também. Se é fantástico, beleza, mas se está no nosso mundo tem que ser verossímil!

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  8. Amanto, adoro ver as diferenças de opiniões! Cada um é cada um e pensa diferente :)
    1. Você realmente acha que a Unbroken Spine é sobre livros?! Não é! É sobre um código... é sobre matemática, mas não sobre livros... apenas utilizam livros. E Clay não trabalha na digitalização por amor a literatura... ele apenas quer resolver o mistério! Tanto que depois ele e o Mr. Penumbra nem continuam no mundo dos livros...
    2. Sim, ele mexeu com Ruby no site da lanchonete que fechou. Mas programação em 3D é outra coisa, Não é simples como ele faz parecer. Ele cria o modelo 3D da loja super rapidamente e também modifica tudo muito rápido. Dá para acreditar se você não sabe programar, mas eu sei. Não é simples assim mesmo! hehehehe


    Ah, eu também sempre dou cinco estrelas quando um livro me cativa! :)

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  9. Oi Nanie!

    Eu estagnei nesse livro e não há vontade que me faça querer pegá-lo novamente; pode isso? E olha que eu acho que estou só no começo desse papo de Google. Como você, fui pega de surpresa com os rumos da história, achei que seria algo sobre sociedades secretas, algo mais focado nos livros e, embora no começo falem bastante sobre eles, não senti que o livro tinha algo de "uau" para me oferecer. Estava sendo uma leitura morna, sem nada de deslumbrante, nada a acrescentar. Então eu parei e não consigo mais voltar e, agora que você mencionou que o Google ficará muito mais presente na história eu até desanimei ainda mais. Afinal, o que isso tem a ver com os livros? E uma livraria?

    Acho que fomos enganadas. rs Estava em busca de um livro que falasse, oras bolas, sobre livros! Até que começou bem, mas foi esfriando. Não acho que eu vá conseguir reanimar a leitura, mas, pelo menos, preciso terminá-lo. A capa realmente é linda, um arraso. E o título é chamativo, a sinopse é um atrativo. Mas a realidade que paira nas páginas é absolutamente reveladora. rsrs


    Gostei muito da sua resenha, achei que fosse só eu que estava achando a leitura estranha com esse rumo tecnológico repentino.


    Beijos,

    Only The Strong Survive

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  10. Vê, nos fomos enganadas quando pensamos que os livros teriam um papel mais importante na trama... até tem livros, mas eles são apenas ferramentas e olhe lá... é muito mais sobre o Google e novas tecnologias do que sobre livros :( ahahhaha


    A capa é linda, o título intrigante, a sinopse instigante... mas a trama não é isso tudo >< Uma pena :(

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  11. É sobre o codex vitae, mas eles passam a vida inteira com a cara nos livros, recusam ajuda tecnológica, preferem as enciclopédias pesadas e tal, isso é amor ao livros no meu ponto de vista, não só falar de obras.

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  12. Oi Nanie, já li várias resenhas deste livro e todos dizem que não foram o que eles esperavam, mesmo assim ainda estou curiosa para ler (será que é porque acho a capa linda). As vezes acho bom, porque assim não vou com muita expectativa e de repente posso até me surpreender (acontece né?).
    bjinho.

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  13. Isabela, eu acho que com as expectativas baixas e já sabendo o que o livro não oferece, há bastante chance de que você goste do que encontrar!

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