Persépolis, de Marjane SatrapiQuadrinhos na Cia., 352 páginas
Título: Persépolis Completo
Título Original: Persepolis 1, 2, 3, 4*
Autor: Marjane Satrapi
Tradutor: Paulo Werneck
Editora: Quadrinho na Cia.
Ano da Edição: 2011
Ano Original de Lançamento: 2000, 2001, 2002, 2003*
Nº de Páginas:352
Comprar Online: Saraiva / Submarino
Sinopse:
Marjane cresceu numa família liberal. E levava uma boa vida, estudando em um excelente colégio em Teerã - o Liceu Francês. Afinal de contas, para os seus pais o mais importante é que ela tivesse uma boa educação.
Mas as coisas começam a mudar radicalmente depois da Revolução Iraniana de 1979. Com apenas 10 anos, a pequena Marjane se vê obrigada a usar o véu e vê as coisas a sua volta mudarem completamente. Agora o país é islâmico e regido por duras leis baseadas no Corão e, como se isso não bastasse, a partir de 1980 é assolado por uma terrível guerra contra o Iraque.
O que eu achei do livro:
Fã de HQ que sou, não podia deixar de me sentir instigada a ler Persépolis, de Marjane Satrapi. Mas eu não podia esperar o que encontrei nesse livro.
Uma HQ é composta de ilustrações e texto e a Marjane conseguiu ser magistral nos dois quesitos. Seu desenho é simples, sempre em preto e branco, mas encantador! E o texto? O texto é explêndido! Bem construído, com doses de humor e ironia que tornam a história super agradável! Marjane conta sua própria história em Persépolis e emociona o leitor com suas aventuras.
O livro é um mergulho na cultura iraniana. Confesso que eu mesma não conhecia muito sobre o Irã. Fã de história antiga, eu até sabia algumas coisas sobre a Pérsia, mas a história recente do país - agora denominado Irã - não era do meu conhecimento. E devo dizer que fiquei estarrecida com o que li. Conhecer a história do ponto de vista de quem a viveu é inexplicavelmente gostoso.
Marjane conta sua história dos dez anos, quando aconteceu a chamada Revolução Iraniana (em 1979) até quando saiu definitivamente do país para morar na França. Nesse meio tempo, conta episódios de sua infância no país repressor, parte de sua adolescência na Áustria, para onde foi enviada sozinha, e depois sua volta à terra natal, onde se formou, se casou e se divorciou antes de sair definitvamente do Irã. É impressionante acompanhar a vida dessa mulher pelas páginas da HQ.
A HQ é dividida em várias "capítulos" - que tem títulos individuais. A próxima história é sempre posterior à anterior e está ligada a ela. Mas, em alguns casos, é possível ler apenas uma história sem problemas. Eu só senti falta de saber qual fazia parte de qual volume originalmente (não há nenhuma indicação nesse volume completo de onde termina o que foi lançado como primeiro, segundo ou terceiro volume. De forma que quem, como eu, leu apenas a versão completa não tem conhecimento de onde termina cada um).
Três episódios em particular me chamaram muito a atenção:
- o primeiro foi o incêndio no cinema Rex, que matou mais de quatrocentas pessoas. Pelo que pesquisei na internet, ainda não se sabe o que realmente aconteceu por lá. Imagina-se que o incêndio tenha sido criminoso e possa ter sido encomendado pelo governo do Irã na época, representado pela figura do Xá.
- o segundo foi a Sexta-feira Negra - que aconteceu em Setembro de 1978 e foi o mais violento protesto contra o governo do Xá e a favor de uma mudança (que seria concretizada no ano seguinte pela Revolução Iranina). Nesse episódio, vários manifestantes foram mortos.
- e o terceiro e mais intrigante foram as Chaves do Paraíso. Nunca havia ouvido falar dessas alegorias e elas me deixaram um tanto assustada. Entre 1980 e 1988, o Irã e o Iraque travaram uma guerra de proporções gigantescas. E vários jovens iranianos eram mandados para frente de batalha. Esses jovens recebiam uma chave de plástico dourada - a Chave do Paraíso, que representava a sua entrada garantida no paraíso por estar lutando pelo seu país. Imagino o que essas chaves teriam significado para a população mais carente. Quase posso sentir a dor e o orgulho que aquelas mães sentiam. Orgulho para tentar suplantar a dor - um orgulho forjado pelo governo e pelo próprio sentimento materno, que tinha que acreditar que aquilo era bom para seus filhos. Ao menos, é assim que penso que as coisas aconteciam.
Persépolis é a história de Marjane contada por Marjane, tendo como pano de fundo uma revolução que mudou completamente o Irã. Uma revolução que tentou impedir a ocidentalização do país - proibindo o uso de roupas ocidentais, maquiagem, músicas, festas, bebidas... Probindo a liberdade individual.
PS: Como sempre, eu não consigo apenas ler o livro e me dar por satisfeita. Tenho que sair fazendo pesquisar para saciar a minha curiosidade. Se você for mais preguiçoso e menos curioso do que eu, vai perder muita coisa boa que essa história tem para trazer. Ainda assim, eu indico que leia, ao menos, esses textos para trazerem alguma luz sobre o assunto: Revolução Iraniana, Irã, Abadan (aqui é mencionado aquele episódio do cinema Rex), 30 anos da Revolução Iraniana, Plastic Keys (sobre as Chaves do Paraíso, infelizmente só encontrei textos sobre o assunto em inglês). A maioria dos textos indicados aqui são da Wikipédia, portanto são textos bem curtos - apenas para que você fique um pouco mais por dentro do assunto. Caso você seja como eu, um curioso implacável, buscas no Google te levarão a outros textos maravilhosos (principalmente em inglês).
PS2: Sabe do que eu senti falta nessa HQ? Aliás, a única coisa da qual realmente senti falta: números nas páginas! Acho que é um dos únicos livros que já li (e não consigo me lembrar de outros) cujas páginas não são numeradas. Acho que eu sou maníaca com organização e controle, porque fiquei bastante incomodada com a falta dos numerozinhos no rodapé.
PS3: Clique aqui para ver uma imagem comparando a Marjane da vida real com sua ilustração de si mesma.
PS4: A HQ foi traduzida para as telas de cinema em um filme homônimo - Persépolis - co-dirigido pela própria Marjane. O filme é de 2007 e foi indicado ao Oscar. Esse eu preciso assistir!
PS5: Eu conheci essa HQ no final do ano passado, quando a minha amiga oculta a pediu de presente! Da lista dela, considerei esse o mais interessante e ele acabou na minha lista de desejados também! Enfim consegui lê-lo e tenho a certeza de ter dado um ótimo presente!
* A HQ Persépolis foi originalmente publicada em quatro volumes nos anos de 2000, 2001, 2002 e 2003 - um volume por ano.
Nota:
Dificuldade de Leitura:
Interessante, nunca li uma HQ (sem contar a turma da Mônica hahaha) e tô ficando curiosa. Eu ja tinha ouvido falar desse livro num desafio, mas não tinha muita noção do que era. Não sou muito fã de livros/historias sobre guerra, gosto de ler coisas leves, mas acho que sempre devemos abrir exceções. Aprender nunca é demais.
ResponderExcluirAh, ela é mais bonita do que o desenho! E a pintinha do nariz, ri quando vi que tem mesmo.
Enfim, é mais uma das dicas da Nanie pra fazer o bolso ficar pobrezinho...
=)
Beijinhos
Faz um bom tempo que quero assistir o filme, mas tenho curiosidade de ler a HQ também. Sua resenha só aumentou minha curiosidade.
ResponderExcluirBjs
Karolyne, como assim nunca leu uma HQ? Menina, está perdendo coisas incríveis!
ResponderExcluirSe passa nos tempos de guerra, mas ela não é uma HQ sobre a guerra - é sobre uma menina que cresceu num país em guerra. É uma história muito linda!
Hahahaahah sabe que eu achei ela igualzinha no desenho?! hehehehe
Eu aconselho esperar um pouquinho, porque ela já esteve num preço melhor no Submarino =)
Carissa, eu não conhecia o filme - a amiga oculta de quem eu falei no post é que me disse ontem que havia um filme! E, claro, eu fiquei super curiosa para assistir =D
ResponderExcluirA HQ super vale a pena *-*
Já tinha visto elogios a este HQ e a sua resenha só me fez ter certeza do quanto interessante deve ser esta leitura.
ResponderExcluirFora que contar a história desta forma torna tudo mais interessante.
Não sou fã de HQ, mas acho que esta eu leria com gosto.
Beijos.
Nani, Marjane contando sua história é incrível *-* Conhecer um pouco mais do Irã foi uma experiência ótima. Como são várias historietas (variando de 5 a 12 páginas - ou até um pouquinho mais), dá para você ler bem aos pouquinhos e ir conhecendo Marjane enquanto continua com suas leituras normais =)
ResponderExcluirPeraí, como você faz histórico no Skoob se as páginas não têm números??? Hahahaha eu também vou sentir falta. Mas, no fundo, isso nem importa tanto, porque a história parece ser ótima. Sou curiosa como você! Quando leio em casa (o que, infelizmente, é bem raro), fico com o computador ao lado e o Google aberto. Gosto, principalmente, de ver os lugares, porque não sou uma pessoa muito "visual", então não consigo imaginar direito.
ResponderExcluirEu sabia que esse nome - do livro - não me era estranho. É de um filme como você bem citou e eu não sabia que era ou foi ou é uma HQ. Adoro!!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirQuem sabe não entre na minha lista agora. Preciso ver o filme e ler a HQ.
Dorei!!!!!!!!!
Cíntia, pois é, né?! E como eu controlo quantas páginas eu ainda tenho para ler (maníaca por controle, eu?! Que isso... nem). Isso não importa nem um pouco no final das contas, mas mesmo assim eu senti falta >< hahaha e sei que muita gente também vai sentir!
ResponderExcluirMenina, eu não consigo só ler o livro... isso é fato =( Eu sempre pesquiso sobre os lugares, as coisas, acontecimentos, personagens não-fictícios que são citados - tudo! Eu consigo imaginar, mas quando a coisa existe, eu preciso saber como é porque a minha curiosidade não me deixa em paz >< hahaha
Suellen, sim, é um filme! Eu ainda não o assisti, mas quero muito ver =) A HQ é incrível ^^
ResponderExcluirEu quero os dois!
ResponderExcluirSuellen, depois me conta o que achou da HQ =)
ResponderExcluir