A Revolução dos Bichos, de George Orwell

A Revolução dos Bichos, de George Orwell
Companhia das Letras, 147 páginas
Um texto inteligente, que aborda de forma simples um dos maiores acontecimentos do século XX.

Título: A Revolução dos Bichos
Título Original: Animal Farm
Autor: George Orwell
Tradutor: Heitor Aquino Ferreira
Editora: Companhia das Letras
Ano da Edição: 2007
Ano Original de Lançamento: 1945
Nº de Páginas: 147
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Sinopse:
De sol a sol, aqueles animais trabalhavam na Granja do Solar, que era de propriedade do Sr. Jones. Um humano desprezível, que dava magras rações aos animais e juntava para si todo o lucro obtido.
Quando Major, um sábio porco, lançou luz sobre esses detalhes, todos os animais ficaram revoltados.

"Então, camaradas, qual é a natureza desta nossa vida? Enfrentemos a realidade: nossa vida é miserável, trabalhosa e curta. Nascemos, recebemos o mínimo alimento necessário para continuar respirando, e os que podem trabalhar são exigidos até a última parcela de suas forças; no instante em que nossa utilidade acaba, trucidam-nos com hedionda crueldade. Nenhum animal na Inglaterra sabe o que é felicidade ou lazer após completar um ano de vida. Nenhum animal na Inglaterra é livre. A vida do animal é feita de miséria e escravidão: essa é a verdade nua e crua.[...]
Por que, então, permanecemos nesta miséria? Porque quase todo o produto do nosso esforço nos é roubado pelos seres humanos. Eis aí, camaradas, a resposta a todos os nossos problemas. Resume-se em uma só palavra - Homem. O Homem é o nosso verdadeiro e único inimigo. Retire-se da cena o Homem e a causa principal da fome e da sobrecarga de trabalho desaparecerá para sempre."

Major estava certo! Eram os animais que produziam tudo naquela fazendo e o Sr. Jones, representante da terrível classe dos Homens, os sobrepujava, tomando deles tudo o que produziam. Eles precisavam lutar pelos seus direitos.
Major morreu antes que qualquer coisa pudesse ser feita, mas os animais não se esqueceram das palavras sábias do velho porco. E tão logo houve a oportunidade, puseram-se contra o tirano e tomaram o poder. Agora a fazenda se chamava Granja dos Bichos e não havia outro dono senão os animais que nela moravam.

"Lembrai-vos também que na luta contra o Homem não devemos ser como ele. Mesmo quando o tenhais derrotado, evitai-lhe os vícios. [...] Todos os animais são iguais."

Aos poucos, entretanto, as palavras de Major foram sendo esquecidas e a liberdade já não era plena.

O que eu achei do livro:
O que dizer de um livro tão completo quanto A Revolução dos Bichos?! Se você ainda não leu, certamente está perdendo uma das melhores histórias já criadas pelo homem.
Nesse livro Orwell se utiliza de uma linguagem bem simples e de fácil leitura para criar uma fábula moderna: os animais falam e pode-se dizer que há uma lição de moral ao final da história.
Mas há mais do que isso: o livro é a história da Revolução Russa. O leitor atento consegue, facilmente, traçar um paralelo entre os personagens de Orwell e os personagens reais protagonistas desse episódio marcante da história da humanidade. Em alguns casos, é até possível dar nome aos porcos, literalmente, como no caso de Major que é uma alegoria a Karl Marx. É fácil perceber que os cavalos representam a classe operária, os porcos, os líderes comunistas, o corvo, o clero.

"Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros."

Orwell representa de forma alegórica, porém clara, todos os acontecimentos que permearam os primeiros anos da União Soviética e seu chamado socialismo. É um texto extremamente inteligente e desde a primeira vez que li essa história me pergunto por que ela não é adotada nas escolas. Sempre que a leio (e esse é um texto que merece ser lido mais de uma vez), me pego pensando nas mais diferentes propostas de trabalho que poderiam ser conduzidas em uma sala de aula, principalmente nas aulas de História do Ensino Médio - onde a Revolução Russa é um assunto que faz parte da ementa da disciplina e os alunos têm maturidade suficiente para ler o texto, entendê-lo, debatê-lo e traçar um paralelo com a história verdadeira. Sendo um livro bem curto - a história em si ocupa cerca de cem páginas - considero que sua utilização poderia não apenas ser útil para o aprendizado dos jovens, como também tornaria a disciplina mais interessante para os mesmos, ainda podendo permitir atividades interdisciplinares (com Português ou Literatura). Uma pena que isso não seja comum nas escolas.
A edição que li é da Companhia das Letras e tenho que destacar o impecável trabalho da editora. Além da história, o leitor encontrará ao final do livro um posfácio intitulado "Repensando A Revolução dos Bichos", escrito por Christopher Hitchens em 2006 e muito elucidador. Somando-se a esse posfácio ainda está um anexo, que contém dois prefácios distintos escritos pelo próprio Orwell - um chamado "A Liberdade de Imprensa" que teria sido proposto para a primeira edição inglesa do livro (um texto maravilhoso sobre a forma como a Inglaterra lidava com o assunto URSS nos anos 40), que entretanto não chegou a ser publicado, e o outro sem título que foi publicado na edição ucraniana de 1947. Os três textos completam a obra de forma magnífica, acrescentando algumas reflexões às que o livro já havia inculcado ao leitor.
Quem não leu A Revolução dos Bichos não sabe o que está perdendo e precisa se redimir. Esse é um livro obrigatório para todos que gostam de uma boa leitura.

PS: O fim do livro é notório! Não acho que seria spoiler falar abertamente dele aqui, uma vez que a história é uma alegoria à Revolução Russa, a qual todos conhecemos. Entretanto, não vou entrar em detalhes, porque sei que muitas pessoas não gostariam. Ainda assim, a última frase desse livro merece ser destacada, ainda mais por ser usada (de forma modificada algumas vezes) em vários lugares.

"Era impossível distinguir quem era homem, quem era porco."

Nota: 

Dificuldade de Leitura: