O Nanie's World não é um blog que costuma postar muitas notícias. A não ser na Central de Novidades, que tem o objetivo de, em um único post semanal, informar todas as novidades do mundo literário. Mas, hoje de manhã, após já ter postado a Central de Novidade, eu vi uma notícia que achei muito interessante. Sigo vários blogs de notícia e, entre eles, o Gizmodo Brasil, que é um excelente site. E lendo o feed das notícias publicadas hoje, vi o texto abaixo e resolvi trazê-lo para vocês.
Leiam o texto e depois eu faço algumas ponderações.
Ontem, senadores discutiram o que é "livro" e qual a importância do "papel". O motivo do debate filosófico dos nossos queridos representantes: se o Kindle ou qualquer e-reader for entendido como livro (como a justiça já o fez, em casos isolados), esses gadgets passam a ter isenção total de imposto de importação, tal qual os livros têm hoje. O novo entendimento está em um projeto de lei que foi aprovado ontem na a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
O projeto de lei em questão, o nº 114/2010 do senador Acir Gurgacz (PDT-RO), estava há um ano parado na CAE do Senado esperando alguém dar uma olhada e fazer aquela votação simbólica aprovando – nenhuma emenda foi apresentado. A ideia do senador para fazer a desoneração ter efeito é simples: basta mudar alguns parágrados da lei de 2003 que tirou muitos impostos de livros nacionais e importados ampliando o conceito de "livro". No texto de justificativa anexo à proposta de lei, Gurgacz comenta:
"Não cabe neste mundo globalizado e multimídia definir-se livro tão somente como 'publicação de textos escritos em fichas ou folhas, não periódica, grampeada, colada ou costurada, em volume cartonado, encadernado ou em brochura, em capas avulsas, em qualquer forma e acabamento', tal qual faz atualmente o art. 2º da Lei nº 10.753, de 30 de outubro de 2003, que instituiu a Política Nacional do Livro.
Submetemo-nos a um atraso quando nos prendemos a esse conceito (…) entre as diretrizes da Política Nacional do Livro (PNL), algumas merecem destaque e fundamentaram as alterações propostas nesta proposição: assegurar ao cidadão o pleno exercício do direito de acesso e uso do livro; fomentar e apoiar a produção, a edição, a difusão a distribuição e a comercialização do livro; promover e incentivar o hábito da leitura, apoiar a livre circulação do livro no País; e capacitar a população para o uso do livro como fator fundamental para seu progresso econômico, político, social."
Para convencer os colegas, a proposta diz que milhões de Kindles já foram vendidos, que e-books são de 15% a 80% mais baratos, que há um portal de livros em Domínio Público que poderia rechear e-reader baratos, etc etc. Tudo é bem fundamentado – com direito a uma citação aleatória de Caetano Veloso – e me leva a crer que o caminho (ainda longo) pelo Congresso pode ser acelerado. É legal diminuir a tributação de tablets, mas e-readers muito baratos poderiam ter um impacto mais abrangente e barato na educação.
A próxima parada da Lei é a Comissão de Educação do Senado. Se aprovada lá, vai ser votada no plenário. Encha o saco de seu senador “favorito” para melhorar o texto (para deixar bem claro quais gadgets podem ser beneficiados) e depois aprová-lo – estes são os representantes que compõem a CE. [Mais sobre a lei]
Fonte: Gizmodo Brasil (a notícia foi retirada da íntegra do referido site).
Bom, a notícia é excelente, certo? Eu acho que realmente é.
A princípio, não vemos, ao menos aqui em Brasil, e-books com preço mais em conta do que os livros normais. Aliás, fazendo uma visita ao site da Saraiva, eu acessei a aba "Livros Digitais" e peguei o primeiro livro que aparecia: "Comer, Rezar e Amar", de Elizabeth Gilbert. E o que encontrei?! Pasmem: o livro tradicional custa R$ 26,70 e o livro digital sai por (pasmem!) R$ 31,90! Ou seja, o livro digital, por incrível que pareça, sai mais caro do que o livro tradicional, que além de todos os custos inerentes também ao livro digital, ainda tem custos de impressão (que segundo as editora são muito altos). Portanto, o argumento de que o livro digital sai mais barato do que o de papel pode, facilmente, ir por água a baixo. Espero que isso não aconteça, pois realmente a biblioteca digital Domínio Público tem várias obras clássicas de graça. E aproveitá-las seria maravilhoso. E, penso eu, que com o barateamento do e-reader (que é aquele aparelho utilizado para ler e-books), os e-readers serão mais procurados, levando a uma baixo no preço desse produto.
Eu, particularmente, não gosto de utilizar e-readers para as minhas leituras, a não ser com livros didáticos, revistas e jornais. Mas, pensem... se só os jornais e revistas já forem lidos apenas em e-book, o desperdício de papel será muito minimizado. Principalmente porque esse tipo de artigo é descartado pouco tempo após ser adquirido, pois é temporal.
Não acho que os e-readers e e-books sejam uma ameaça ao livro tradicional (então, acalmem-se, a notícia é boa até mesmo para nós, que gostamos de ler no papel, sentindo o cheiro da tinta e a textura das páginas), mas acho que eles sejam uma oportunidade maior para que outras pessoas se tornem leitores.
Torço muito para que o Brasil entenda os e-readers como livros e, portanto, diminua a incidência de impostos sobre esse tipo de produto - barateando-os!
E você, o que acha desse assunto?