sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Novo Avô

Contos da Nanie é uma coluna do blog Nanie's World! Sempre que a Nanie tiver contos novos, irá postá-los nessa coluna, que sairá às sextas-feiras!
Sua opinião é muito importante! Diga o que você achou das histórias, sua opinião é muito importante para mim!
A culpa dessa coluna existir no blog é da @vanbosso que insistiu muito para que eu postasse os meus contos!
O Novo Avô

Otávio era o melhor da sua escola, isso era fato consumado. Sempre tirava as notas mais altas, embora isso não acontecesse sem um esforço contínuo e um estudo regrado. Todas as noites das semanas de Tito, como era chamado pelos amigos, eram gastas com estudo. Às tardes ele costuma brincar com os amigos em alguns dias, ajudar a mãe nas tarefas de casa em outros, ou simplesmente ficava vendo sessão da tarde.
Estudar era sim uma paixão, mas não era a única. Tito adorava jogar bola! Por ele, ficaria o final de semana inteiro jogando bola. Mas não era tão simples assim. Querer não era poder. Só dois meninos compartilhavam a bola que toda a garotada utilizava no campinho da escola. Então, se esses dois garotos não queriam jogar, nada de bola para ninguém. Tito sonhava em ter uma bola!
Tito nunca havia passado fome. Terceiro filho de uma família de cinco crianças, morava com a mãe e o pai em uma casa ao lado da escola. Tinha comida, tinha cama, tinha o material da escola (embora não pudesse ser exatamente  aquele do super-herói que ele tanto queria, porque era muito mais caro. Os pais, entretanto, não conseguiam dar aos filhos muito mais do que o básico.
Nos dias em que via os filmes americanos passando na televisão, Tito sempre via meninos, até mais novos do que ele, fazendo pequenos trabalhos na vizinhança e ganhando algum dinheiro. Quem sabe ele também não poderia fazer algo assim? Cortar uma grama, lavar uma calçada, ajudar uma moça a carregar e descarregar o carro. Não iria atrapalhar os estudos, só os filmes da Sessão da Tarde, mas ele realmente não se importava muito (já tinha visto a maioria mesmo. Só passava filme repetido).
Então, decidido, Tito começou a procurar os tão sonhados "bicos" que poderiam ser realizados por ele, um mirrado menino de apenas treze anos. Ele sabia que não iria aguentar nenhum tipo de trabalho pesado, nem nada desse tipo. Mas poderia, muito bem, fazer pequenas tarefas que garantisse algum dinheiro.
Afinal de contas, uma bola nem era tão caro assim, ele poderia dar conta de comprar uma com alguns poucos trabalhos.
Foram árduas semanas. Não, de trabalho não, de procura. Todo mundo que Tito perguntava não podia fazer nada por ele. O garoto era muito novo para ter carteira assinada, muito novo até para aprendiz, como as pessoas iriam dar algum tipo de trabalho para ele? Tito sabia que as pessoas não o estavam entendendo direito. Ele não queria largar os estudos, nem ao menos deixá-los de lado. Apenas queria conseguir algumas pequenas tarefas, para que pudesse realizar seus sonhos e até ajudar em casa.
Ele já havia percorrido toda a vizinhança e ninguém havia aceitado suas propostas. Até mesmo bairros próximos ele havia visitado, sem sucesso.
Sentou-se na calçada e tomou o resto da água que havia pedido no bar da esquina. O senhor Geraldo não tinha trabalho para ele, mas era um homem muito bom - sempre servia água para todos os meninos que pediam.
- Oi, garoto. Que carinha triste é essa? Afundou na prova de matemática e está com medo de conversar com sua mãe? - disse um velho simpática, já se sentando ao lado de Tito na calçada.
De onde tinha vindo aquele moço? Tito nunca o havia visto por ali.
- Oi. Não foi prova de matemática não, moço. Foi falta de trabalho mesmo. - o menino disse com expressão sofrida.
O velho soltou uma gargalhada ruidosa.
- Qual o seu nome, garoto?
- Tito.
- Prazer, sou Pietro. Tito, você não pode ter mais do que quinze anos, estou errado?
- Não, senhor Pietro. Está certo. Tenho só treze anos.
- Então por que está procurando por um emprego?
- Ah, não. Não, senhor. Um emprego não, só um trabalho. Preciso de tempo para estudar e, além disso, eu só quero um dinheiro para poder comprar algumas coisas para mim.
- Ah... Entendi, você está querendo fazer alguns bicos para ganhar uns trocados.
- Exatamente, moço. Só que ninguém tem trabalho nenhum para mim.
- Pois eu tenho. Acabei de mudar para essa casa aqui atrás de você. Nos fundos ela tem um quintal enorme, mas está todo tomado de mato. É um trabalho muito duro para um velho como eu fazer sozinho. Mas acho que nós dois conseguiríamos dar conta do recado. O que acha, aceita?
Tito nem sabia o que dizer naquele momento, era só felicidade! Mas a escola era uma prioridade, ele precisava deixar isso claro.
- Senhor Pietro, eu só não posso vir todos os dias, sabe, por causa da escola.
- Sem problemas, garoto. Eu entendo o seu lado. Vamos fazer assim, você vem me ajudar segunda, quarta e sexta depois da aula. Fica aqui umas duas ou três horas me ajudando e depois vai para casa estudar. Até terminarmos a limpeza. O que acha? Pelo tamanho do jardim acho que vamos levar umas duas semanas, duas semanas e meia. Eu posso pagar um dinheiro para que você realize os seus sonhos.
Quando Pietro falou o que poderia pegar, Tito ficou muito feliz! Ele conseguiria comprar sua bola afinal! Não poderia ser assim tão bom.
O garoto já se levantou e foi logo acompanhando Pietro para ajudar no jardim. E assim foi a rotina do menino por três semanas. Não que o trabalho fosse maior, mas é que o senhor Pietro morava sozinho com a esposa, dona Martha, e os dois adoravam o menino. Todos os dias em que ia lá, dona Martha levava bolinhos de chuva e sucos deliciosos para que os dois homens, cansados do trabalho, pudessem repor a energia. Na verdade, nem tinha muito trabalho. Eles conversavam tanto que tudo parecia mais uma brincadeira.
Depois de três semanas, Tito ficou triste por ver que o trabalho estava terminado. Havia ficado tão amigo do senhor Pietro e da dona Martha. Já tinha até ido almoçar com a mãe e os irmãos em um final de semana na casa deles - e havia conhecido os quatro filhos e oito netos do casal. Havia sido uma festa só.
Claro que ele poderia ir lá, de vez em quando, para poder visitar seus novos "avós postiços", mas não seria a mesma coisa. Ele sentiria falta de passar lá todos os dias...
- Tito, parece triste, meu menino. - Pietro sempre chamava o garoto de "meu menino". E o carinho era recíproco, Tito sempre o chamava de "vô". Os dois eram muito amigos agora e tinham uma relação maravilhosa!
- Ah, vô, eu vou sentir falta do trabalho.
- Falta de arrancar mato?
- Eu gostava, vô.
- Meu menino, mas plantar, cuidar, colher é muito mais interessante. - dito isto, os olhos de Tito se iluminaram. O garoto não poderia estar entendendo direito - aquilo não poderia ser verdade. A vida era sempre tão difícil, não poderia ser fácil para ele.
- Vô, o senhor que dizer que...
- Claro. Vamos plantar algumas ervas para a Martha usar na cozinha e nos chás dela. Algumas verduras também , alface, couve, espinafre. E algumas flores para embelezar o lugar. Não acredito que você já estava pensando em me abandonar, Tito.
- Claro que não, vô. Adorarei tomar conta do jardim com você!
Tito adorava jogar com os amigos, usando a nova bola. Mas o maior presente que ele ganhou foi mesmo aquele novo avô e aquela nova avó!

12 comentários:

  1. Ah q graça Nanie adorei!!!

    http://conversandocomdragoes.blogspot.com/

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  2. Ei Nanie,

    Ah gostei mais deste do que já vi aqui, tão lindooo. Amei o final, que fofo!!

    bjoo

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  3. Que cute esse conto!
    Continua assim Nanie *-*

    Bjus.

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  4. Que graça de conto!
    Filme repetido, kkk. Realmente, muito raramente assisto tv.
    Fofinha a relação de Tito com o vô. *-* Que bom ter conseguido a bola...
    Conto com final feliz!

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  5. Adorei esse conto, acabei de ler pro meu filho, porque ele pediu uma historinha pra dormir...lindo!

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  6. Ahh que lindooooo!! Serio meus olhos tão mo marejados.... adorei esse conto Nanie!! ^^
    Tão simples e ao mesmo tempo intenso!!
    Parabens!!

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  7. Eu tbm me emocionei com o conto. Parabéns Nanie e retiro o que disse quanto aos finais felizes...
    Bjos!!!
    Andréia
    Sentimento nos Livros

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  8. Ai que lindo esse conto! E tem um final feliz!!! Me ferrei, vou ter que pagar a aposta que fiz! Quando sai o terceiro livro da série Pretty Little Liars???

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  9. Que conto lindo, adorei a forma da escrita que vc usou, uma narrativa bem legal
    Adorei Tito, kkk
    beijos!

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  10. Muito bom esse conto tbm Nanie. Uma narrativa vem legal =)

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  11. Nossa, que conto lindo. Vc escreve muito bem. Amei o Tito.
    Bjinhos

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  12. hehe. Lembrei do meu vô. Ele sempre me chama de "garoto" tbm. Muito bom o conto =)

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