terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Enfeitiçadas, de Jessica Spotswood

Enfeitiçadas, de Jessica Spotswood
Arqueiro - 271 páginas
Um livro que poderia ter sido muito melhor caso tivesse explorado as questões certas.



Título: Enfeitiçadas
Título Original: Born Wicked
Autora: Jessica Spotswood
Tradutora: Ana Ban
Editora: Arqueiro
ISBN: 978-85-8041-230-7
Ano da Edição: 2014
Ano Original de Lançamento: 2012
Nº de Páginas: 271
Série: As Crônicas das Irmãs Bruxas - Vol. 1


Regular.


Às vezes, é realmente complicado fazer uma resenha e falar dos mais diversos aspectos de um livro...
Mas aqui estou outra vez para tentar.

A primeira coisa a chamar atenção nesse livro é, sem sombra de dúvidas, a capa!
É uma capa deslumbrante a de Enfeitiçadas! E o trabalho gráfico feito pela editora não está de parabéns apenas pela capa - todo o interior do livro está maravilhoso. O início de cada capítulo ficou marcado de maneira bem especial em cada página, realmente bonito.
Na parte de trás do livro há uma pequena imagem da capa do segundo volume da série. Pelo jeito irá fisgar leitores só pela sua beleza também.

A pessoa pega o livro na prateleira de sua livraria preferida, dá uma olhada na capa, fica maravilhada. Daí, dá uma folheada no livro, percebe o quanto o trabalho da editora está encantador e quase já se sente decidido a levar a história.
Aí lê a sinopse e pronto: fica completamente fisgado pelo livro!
Afinal de contas, o enredo é mais do que interessante e deixa mesmo o leitor instigado a conhecer as irmãs Cahill.

Enfeitiçadas é o primeiro livro da série As Crônicas das Irmãs Bruxas. Ele é narrado em primeira pessoa por Cate Cahill, a mais velha de três irmãs. Perdeu a mãe há três anos e mal teve tempo de aprender com ela como utilizar seus poderes - afinal de contas, a mãe também era uma bruxa. E suas duas irmãs mais novas também têm tais poderes mágicos.
O grande problema, porém, é que a bruxaria é totalmente repudiada pela sociedade onde as irmãs estão inseridas e, portanto, deve ficar oculta de todos - inclusive do pai das meninas. E como se isso não fosse problema suficiente, agora é hora de Cate decidir o seu futuro: ela precisa se casar ou se juntar a uma irmandade religiosa. Qual o melhor para ela e as irmãs?

Eu adoro essas questões ligadas à magia.
Sempre que leio uma história que contenha qualquer traço de magia eu já fico toda empolgada esperando o que vou encontrar e torcendo para que seja incrível e delicioso.
Por este motivo, fui mesmo com muita sede ao pote! Eu queria um livro maravilhoso, esse parecia ser assim, e acabei me decepcionando um pouco.

Para começar, a escrita de Jessica Spotswood não é ruim, porém também não tem nenhum atrativo. É uma escrita simples demais, meio enjoativa porque gira sempre em torno de uma única questão praticamente o livro inteiro.

O livro se passa no final do século XIX, em uma versão alternativa do nosso passado. É uma sociedade diferente e a autora explica um pouco sobre ela - o que é uma pena, eu realmente gostaria muito que a autora tivesse sido mais prolixa ao narrar as minucias dessa realidade alternativa que criou -, que é extremamente machista e opressora. Essa parte do machismo foi algo que me incomodou muito, principalmente porque as mulheres do livro precisam se casar ou entrar para uma espécie de convento aos dezessete anos de idade. Não há outra opção e as mulheres praticamente não podem trabalhar ou ter ideias próprias. E isso é realidade desde que as bruxas foram banidas (infelizmente, esse passado que parece tão interessante também não é muito retratado no livro).
Uma sociedade detestável, não é?! Mas seria perfeita para o livro, se fosse tratada de outra forma.
A protagonista, Cate, é dita por todos - e até por ela mesma - como uma menina forte, determinada, dona de seu próprio nariz. Só que não é nada disso, ela não age de acordo com os adjetivos que a ela são atribuídos. É apenas uma menina insegura, mimada e chata. Fiquei bastante incomodada de ler as falas onde ela reclama do pesado fardo deixado pela mãe quando faleceu. Minha vontade?! Agarrá-la pelo pescoço e falar bem alto: "Querida Cate, acorde! Sua mãe não morreu porque quis e, se pudesse escolher, certamente estaria aqui ao lado das filhas".

As primeiras cem páginas se passam com uma demora entendiante e me vi quase abandonando o livro.
A já mencionada chatice (desculpem-me, mas não há outro termo que se encaixe tão bem) da protagonista me tirava do sério. Como um cachorro que persegue o próprio rabo, ela ficava remoendo a mesma questão várias e várias vezes sem sair do lugar, sem tomar nenhuma atitude ou alguma decisão que pudesse mudar alguma coisa.
Felizmente, por volta da página cem o livro começa a melhorar um pouco.
Algumas coisas realmente acontecem, enfim, e o leitor entra um pouco mais no mundo criado pela autora, mas infelizmente, o livro acaba aí! E nem ao menos posso dizer que o final foi maravilhoso, porque não foi. Foi um final bem morno, não muito interessante e nem um pouco encantador. Ainda assim, porém, tenho vontade de ler o segundo livro - porque realmente quero conhecer mais desse mundo criado pela autora. Espero, honestamente, que nos próximos livros (que já não precisarão introduzir os personagens) a autora dê mais atenção à parte política dessa realidade alternativa que ela criou e também aos aspectos da magia. E é por isso que tenho vontade de ler o próximo livro, embora esse primeiro tenha sido um tanto fraco.

A magia pela qual eu tanto esperei não deu muito as caras. Existe magia, a protagonistas e alguns outros personagens são bruxas, mas é isso aí. Não há muita bruxaria, muita magia e tampouco muita política (e, ah, como eu queria magia e política!).
O livro, porém, tem romance. Quem gosta não irá se sentir decepcionado... ainda mais para quem curte triângulos amorosos, o que não é o meu caso. Então não me julguem muito por estar falando desse assunto com tão pouca animação. Triângulos amorosos me tiram do sério... e no caso desse livro (e de quase todos, a bem da verdade) não havia necessidade nenhuma de uma terceira figura, que pouco aparece e pouca importância tem para essa história. Obviamente os leitores irão torcer por um casal e tenho quase certeza de qual será, já que o outro não dá muita liga.

No final das contas, Enfeitiçadas é um livro legalzinho. Bacana para uma leitura de fim de tarde, bacana para quando não houver outras leituras. Só não espere muita coisa.
É um livro juvenil com um  enredo muito simples, que, infelizmente, deixou de explorar aquelas coisas que poderiam ter feito dele uma leitura excepcional.


Nota: 


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