Título: A Vida em Tons de Cinza
Título Original: Between Shades of Gray
Autor: Ruta Sepetys
Tradutor: Fernanda Abreu
Editora: Arqueiro
Ano da Edição: 2011
Nº de Páginas: 240
Comprar Online: Saraiva / Submarino
Sobre o livro:
Lina é apenas uma garota de 15 anos. Mas tem um talento incrível - ela desenha como ninguém. Está prestes a entrar para uma famosa escola de artes na capital da Lituânia - país onde vive com seus pais e seu irmão de 10 anos. Mas a sua vida será completamente mudada na noite de 14 de junho de 1941, onde juntamente com a mãe e o irmão ela será deportada para campos de trabalho forçado pela polícia soviética, a NKVD.
Vários outros compatriotas dividem esse fardo com Lina e sua família. E apenas a vontade de viver e ajuda dos amigos conseguirão ajudar essa menina durante a grande provação pela qual ela passará.
"É preciso defender o que é certo sem esperar gratidão nem recompensa."
O que eu achei do livro:
Triste, emocionante, inacreditavelmente lindo!
Quanto nós conhecemos da história do mundo em que vivemos? Não é novidade que apenas os vencedores contam a sua história. Portanto, quantos derrotados nunca puderam contar sua versão dos fatos? O que realmente conhecemos e o que apenas julgamos conhecer?
Há muito que ainda não sabemos por aí.
A Vida em Tons de Cinza é uma história fictícia que tenta contar uma parte da história praticamente esquecida. Quando Estônia, Lituânia e Letônia foram anexadas, em 1941, à União Soviética, o mundo estava mais preocupado com os nazistas do que com os soviéticos. E a URSS se aproveitou desse momento para explorar esses três países. Um terço da população dessas nações foi extirpado por motivos torpes. Foram pensadores, professores, cientistas, médicos - pessoas como eu e você que lutavam pela sua liberdade - tirados de suas casas e forçados a trabalhar em troca de quase nada. E muitos não resistiram às terríveis situações a que foram submetidos.
A cada linha que eu lia, não podia evitar o pensamento "como eu nunca ouvi falar disso?". Não sou formada em História, mas sempre gostei muito de conhecer o passado. E ainda me surpreendo com as atrocidades que o ser humano foi (e ainda é) capaz de cometer contra seus próprios irmãos. E me surpreendo ainda mais com o quão pouco nós sabemos, o quão pouco conhecemos. Nunca havia ouvido falar das situações que a NKVD (agência de Administração Central da Segurança do Estado - responsável pelo policiamento, controle de tráfego, guarda de fronteiras, controle da economia e serviço secreto durante os primeiros anos da URSS. Também foi a NKVD que estabeleceu o Gulag, órgão responsável pelo sistema de campos de trabalho) criava para os estrangeiros que pudessem causar problemas. Hoje em dia nós já ouvimos falar muitas atrocidades do regime comunista, que nem de longe chegou aos pés do que Marx havia sonhado. Esse livro, entretanto, vai ainda além. Os prisioneiros - porque eles são exatamente isso, uma vez que são privados de sua liberdade e dignidade - vivem de maneira quase desumana.
Ruta Sepetys trata de um assunto tão importante, e ao mesmo tempo tão delicado, com uma linguagem simples e fluída. A leitura desse livro é impressionante, embora seja muito prazerosa. É possível sentir toda a pesquisa que a autora fez presente nas páginas do livro. Os sentimentos de toda uma nação, e de seus descendentes, nas palavras, sabiamente escolhidas, que lemos.
É um livro marcante, tocante, obrigatório. Precisamos conhecer mais de nós mesmo, conhecendo melhor o nosso passado.
PS1: Ruta Sepetys é americana, mas seu pai é um refugiado lituano. Felizmente não passou pelas situações cruéis descritas no livro, entretanto, parentes próximos passaram. A autora empreendeu duas viagens à Lituânia para embasar suas pesquisas, talvez por isso o livro seja tão realista. Os fatos citados no livro são todos fictícios, mas são baseados em fatos reais - narrados por sobreviventes.
PS2: Estima-se que Stalin (líder da URSS) tenha matado mais de 20 milhões de pessoas durante o seu reinado. Ainda assim, quando Estônia, Lituânia e Letônia conseguiram sua liberdade, em 1991, a independência ocorreu com paz e dignidade.
Nota:
Dificuldade de Leitura: