quinta-feira, 12 de julho de 2012

Blah, blah, blah... Formação Acadêmica


A formação acadêmica é um marco na vida de muitas pessoas. E, não raro, um divisor de águas, entre um passado de dificuldades e um futuro brilhante. Será mesmo?!


Estou lendo um livro incrível: Resposta Certa, de David Nicholls. A narrativa  é uma delícia e a história é mais gostosa ainda. No final do primeiro capítulo, me deparei com uma passagem que me fez pensar bastante e resolvi compartilhá-la hoje com vocês.

"Quero ouvir gravações de sonatas de pianos e saber quem está tocando. Quero ir a concertos de música clássica e saber quando é o momento certo de aplaudir. Quero conseguir entender de jazz moderno sem achar que está tudo errado. Quero saber o que  é, exatamente, o Velvet Underground. Quero estar totalmente familiarizado com o Mundo das Ideias. Quero entender as complexidades da economia e o que as pessoas veem no Bob Dylan. Quero ter ideais políticos radicais, porém humanitários e consistentes, e quero me envolver em debates calorosos, mas racionais, em volta de uma mesa de madeira de cozinha dizendo coisas como "Defina seus termos!" e "Sua premissa é evidentemente enganosa!" e, de repente, perceber que o sol está nascendo e que ficamos conversando a noite toda. Quero usar palavras como "epônimo" e "solipsismo" e "utilitário" com segurança. Quero saber apreciar bons vinhos, licores exóticos e puros maltes de qualidade, e aprender a beber essas coisas sem me transformar num completo imbecil; comer comidas estranhas e exóticas, ovos de faísão e lagosta ao termidor, coisas que mal soam comestíveis ou que nem consigo pronunciar. Quero fazer amor com mulheres lindas, sofisticadas e intimidadoras, durante o dia, ou de luz acesa, ou mesmo sóbrio, e sem medo. E quero ser fluente em muitos idiomas, talvez até uma ou duas línguas mortas, estar sempre com um caderno com capa de couro em que vou esborçar observações e pensamentos incisivos, às vezes a estrofe de um verso. Mais do que tudo, quero ler livros. Livros grossos como tijolos, livros de capas de couro de papel fininho e aquelas fitas roxas para marcar onde você parou; livros de coletâneas de versos baratos, empoeirados e de segunda mão, livros importados caríssimos com ensaios incompreensíveis de universidades estrangeiras.
Em algum momento, gostaria de ter uma ideia original. Gostaria de ser desejado, ou talvez até amado, mas vou esperar para ver. E, quanto a um emprego, ainda não sei bem o que quero, mas que seja algo que eu não odeie ou me deixe doente, e isso significa não precisar me preocupar com dinheiro o tempo todo. E são todas essas coisas que uma formação universitária vai me proporcionar."
Só que não.
Essa foi a primeira coisa que pensei quando terminei de ler os pensamentos de Brian, o narrador da história. Uma formação acadêmica, por si só, não será capaz de proporcionar todas essas coisas. Aliás, praticamente nenhuma delas. Ainda mais se o estudante não estiver certo do que está cursando.
Ok, posso estar sendo bastante pessimista porque eu escolhi errado a área em que me formei e me arrependi (ainda durante o tempo que estava cursando a faculdade) e, por enquanto, não estou com saco de enfrentar outro curso de quatro anos. Mas, ainda assim, Brian está botando muita fé na faculdade.
Não posso negar que eu pensava quase como ele - com uns retoques aqui e outros ali nos desejos do garoto, afinal de contas, eu sou uma garota do século XXI - e nem preciso dizer o quanto me decepcionei, né?! A única coisa que eu fiz foi ler livros grossos como tijolos (na verdade, até maiores), mas não por causa da faculdade. Entretanto, eu segui Exatas e não poderia estar realmente esperando ler livros grossos nas Exatas, ou poderia?! Aliás, alguém pode me explicar por que eu segui Exatas? Não, acho que não.
Enfim, eu só queria dividir com vocês as grandes expectativas do protagonista quanto à Formação Acadêmica, dizer que eu me frustrei nas minhas próprias expectativas (que, apesar de absurdas, ainda assim eram minhas expectativas e eram bem parecidas com a da citação que coloquei aqui) e perguntar quais são (ou foram) as suas expectativas. E, caso você já seja formado, divida conosco a sua experiência.
Eu sou pessimista apenas quanto a mim mesma, mas sempre muito otimista quanto aos outros! Então espero que as suas expectativas tenham sido atendidas, ao menos em parte.


PS: Não sei vocês, mas eu nunca havia ouvido as palavras epônimo e solipsismo, e, assim sendo, não fazia ideia do significado das duas. E, curiosa como sou, não poderia continuar ignorante, ainda mais que o autor não utiliza essas palavras apenas nessa passagem.
Epônimo é "que dá o seu nome a alguma coisa" e solipsismo é "vida ou hábitos de indivíduo solitário". Agora já conhecemos as palavras que Brian deseja usar no seu cotidiano e não precisamos mais nos sentir ignorantes (ao menos quanto a essas duas palavras!).

PPS: Utilitário?! Sério mesmo, Brian?!



 
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