segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Invisíveis, de Stef Penney

Invisíveis, de Stef Penney
Intrínseca - 382 páginas
Uma história surpreendente sobre ciganos e seus segredos.




Título: Invisíveis
Título Original: The Invisible Ones
Autor: Stef Penney
Tradutor: Mauro Pinheiro
Editora: Intrínseca
ISBN: 978-85-8057-228-5
Ano da Edição: 2012
Ano Original de Lançamento: 2011
Nº de Páginas: 382
Comprar Online: Saraiva / Submarino


Sinopse:
Ray é um detetive particular, mas não está sendo muito acionado ultimamente. Então, quando um cigano bate à sua porta com o caso de garota desaparecida, ele simplesmente não pode negar. Ray foi escolhido justamente por ser meio-cigano e por ter tido êxito em um caso similar no passado. Bom, para a mídia ele teve êxito, mas ele sabe, em seu íntimo, que foi o seu maior fracasso - um fantasma que ainda o persegue.

Depois de relutar, Ray acaba aceitando o peculiar caso de Rose Wood. Ninguém parece ter visto a mulher em quase sete anos - desde que ela se casou. Não acham estranho que ela não tenha entrado em contato - e pensam que a família do marido pode tê-la matado, embora eles neguem veementemente e digam que ela fugiu com um não-cigano.

Ray, então, é levado a investigar a família Janko - uma família de ciganos vinda do leste europeu e que ainda dá importância ao "puro sangue negro" - o sangue cigano. Assim ele conhece Ivo, o ex-marido; Christo, o filho doente; Tene, o ex-sogro e a família que agora vive com eles, mas que não teve contato com Rose diretamente: a irmã e o irmão de Tene, sua filha e o neto.


O que eu achei do livro:
Invisíveis é uma história incrível! Uma trama maravilhosa, contada com uma narrativa envolvente e personagens extremamente cativantes.
A narrativa de Stef Penney é linda. Não é muito dinâmica, nem simples, mas é tão bonita que prende o leitor às páginas do livro - eu realmente tive dificuldades de deixar o livro de lado na hora que precisava fazer alguma coisa. Se o tivesse lido em um dia de folga, acho que teria passado o dia inteiro por conta dele.

Os capítulos são intercalados pelos pontos de vista de dois personagens: Ray e JJ, o sobrinho-neto de Tene, e contados em primeira pessoa pelos dois.
Ray é um homem de meia-idade que está tendo algumas dificuldades no trabalho, pela falta de casos, e ainda mais dificuldades na vida pessoal: ele se separou há mais de um ano, mas ainda não conseguiu superar. É um homem determinado, bastante obstinado no trabalho. Entretanto, completamente perdido e atrapalhado em outros assuntos. Achei muito bacana a forma como a autora desenvolveu esse personagem - as tentavidas de Ray de se aproximar de uma mulher chegam a ser patéticas, ele não consegue seguir em frente. E eu quase podia me ver no personagem. É irritante, mas muito real. Gostei demais de Ray e da sua evolução durante a história. Ele não termina como um homem maravilhoso - em contrapartida ao perdedor que era no início do livro, mas o leitor tem a sensação de que ele continuará crescendo.
JJ é apenas um garoto de 14 anos. No início do livro é bastante ingênuo, não consegue enxergar muitas coisas - talvez até mesmo pela sua criação fechada no mundo cigano, embora ele frequente a escola - e chega a ser infantil para a idade. Mas com o decorrer da história, há um visível amadurecimento do personagem, muito bem desenvolvido pela escritora.

O enredo se passa nos anos 80 - fato fundamental para corroborar a forma como as coisas são feitas. Não há internet, não há telefone celular. A vida nos trailers ciganos é algo realmente solitário - ainda mais para uma família que sofre com uma doença hereditária que afeta os homens. Portanto, há poucas crianças no acampamento (na verdade, apenas duas: Christo, que sofre da tal doença, e JJ, que é saudável).
Todo esse lado da cultura cigana é muito bem explorado através da figura de JJ - que conta um pouco sobre a vida que ele leva e como as coisas são para ele, mesmo que não saiba que está mostrando fatos diferentes. Aliás, achei isso muito bom no livro, a autora explora JJ muito bem. Ele nos mostra a cultura cigana sem se dar conta de que está fazendo isso. Não são ciganos conforme o século XIX - que é a imagem que está perpetuada em nossa imaginação -, mas conforme o final do século XX - o que deixa tudo bastante realista e ainda mais intrigante.

O final do livro é totalmente surpreendente! Eu não podia pensar em algo daquele jeito nunca. Há a resolução de um mistério bem antes do final, mas outros são introduzidos pela escritora, que cria um ótimo clima durante a passagem de seu livro - conseguindo deixar o leitor envolvido e muito curioso.
A resolução da trama é um tanto quanto mirabolante, mas eu achei que Stef Penney conseguiu conduzir os fatos de maneira bastante verossímil - comprei o final e achei-o incrível!
Como o próprio Ray diz, há muitas especulações e hipóteses, mas poucas informações, fatos e provas. Ou seja, há um final, mas não há provas do que realmente é verdade e o que são apenas hipóteses furadas. Não costumo gostar de finais em aberto, mas gostei muito desse. Não é exatamente aberto, porque os casos são resolvidos, mas sem provas concretas. Como o livro é narrado pelos personagens e não em terceira pessoa, sabemos tanto quanto eles sabem - e nada além disso.

Depois da leitura de três livros dessa editora que não me agradaram, me deparo com um livro maravilhoso, falando de uma cultura que muito me intriga. Invisíveis é uma história deliciosa, recheada de mistérios. Uma leitura super recomendada!


Nota: 





Dificuldade de Leitura: 


14 comentários:

  1. Eu tinha curtido só ela sinopse, e as resenhas só confirmam... amei a sua inclusive... e confio que o final mirabolante valha a pena. =)
    Eu gosto de ler sobre ciganos e afins... na verdade acho bem legal e instrutivo conhecer outras culturas mesmo que aenas or uma boa leitura.
    Esse mistério arece interessante... confesso que me preocupei elo temo que esperaram para contratar um detetive.
    Usar um personagem que viva no meio dos ciganos deve ter sido uma boa tirada... Curiosa para ler. =)

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  2. Nossa! Primeira vez que eu vejo um livro com história relacionada a ciganos, acredita?! Fiquei muito interessada nesse, as editoras grandes as vezes falham por apostar muito em alguns lançamentos e deixar ele de lado! Pela sua resenha percebi ue deve ser uma historia muito interessante mesmo! Hahah acho que vou colocar ele na minha listinha! :) beijos!

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  3. Danielle, não sei se todo mundo vai comprar o final mirabolante, mas para mim ele foi totalmente perfeito para o livro! Eu adorei =D
    Eu sempre acho bacana encontrar outras culturas nos livros que leio - é como se eu conhecesse outros mundos. Eu já tinha lido esse ano mesmo outro livro com ciganos e achei super bacana reencontrá-los nessa outra história.
    Eu adorei o livro - super recomendo ^^

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  4. Amanda, já li outras histórias com ciganos e acho muito bacana!
    Pois é... não sei por que esse livro não foi muito divulgado... talvez por ser literatura adulta e não juvenil (que é claramente o que mais vende hoje em dia)... mas é um livro muito, muito bom mesmo ^^ Vale a pena conferir =)

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  5. Nossa, Nanie! Quanta empolgação. Não conhecia esse livro, mas seus elogios à narrativa me fez desejar um exemplar na minha estante AGORA.
    5 estrelas? Deve ser bom mesmo!


    Beijocas

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  6. Oi Nanie!

    É a terceira resenha que leio sobre o livro, e as três falam super bem sobre ele. Minha curiosidade só aumenta, né? kkkk

    Confesso que tenho curiosidade para conhecer mais sobre a vida dos ciganos \o/

    Bjs!

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  7. Babi, eu realmente gostei muito do livro! Achei que a autora escreve muito bem e a história conseguiu me conquistar!

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  8. Carla, o livro é realmente muito bom - vale a pena conferir essa história maravilhosa :)

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  9. Oi, Nanie.

    Depois de ler um livro da mesma editora que me desagradou, foi uma grata surpresa quando li este (ainda bem que não abandonei). Não sei o motivo de eu estar sendo tão chata em relação às leituras.

    Apesar do príncípio meio confuso e lento, na cena do hospital, finalmente tudo foi se encaixando. Não esperava o final que teve. Apesar de satisfatório, queria uma abrangência maior acerca das lacunas que ficaram na imaginação do leitor.

    Adorei a temática cigana. Há muito tempo li "Esmeralda", da Zibia Gasparetto, focado nesse universo e adorei. Lembra demais a novela global "Explode Coração". Na época teve até boatos de que a Gloria Perez não teria se inspirado nele para escrever a novela, o que me surpreendeu, porque não! rs.

    Beijos.

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  10. Adorei a resenha e sem palavras. Estou curiosa com uma coisa a cultura cigana sou louca para aprender um pouco sobre ela.

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  11. Carlinha, eu acabei lendo três livros dessa editora que me desagradaram... Eu gosto muito da Intrínseca, mas acabei escolhendo histórias que não eram para mim. Até que pedi esse livro e fui positivamente surpreendida!


    Eu não achei o princípio confuso e lento. Claro, de início não dá para entender exatamente o que está acontecendo, mas encarei isso como parte da trama a ser desvendada. Eu gostei demais da narrativa da autora e da forma como ela conduziu a história!


    O final realmente não é fechado, mas até mesmo disso eu gostei, embora não seja o meu tipo favorito de finalização! Acho que realmente existem autores que sabem como conduzir o leitor.


    Eu adoro quando um livro é recheado de culturas diferentes da minha - acho que aprendo muito mais lendo livros assim. Eu me lembro pouco dessa novela e não li o livro da Zíbia, mas esse ano ainda li outro livro com temática cigana e gostei bastante.

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  12. Suellen, o livro é mesmo muito bom! Eu amei =)

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  13. Esse livro já começou a me chamar atenção pela capa, tem um clima de mistério e solidão. A temática da cultura cigana também é interessante. Gostei.

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  14. Cris, o livro é bacana demais =D Eu adorei!

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