A convidada super especial de hoje é Leninha, que escreveu um conto especial para o blog.
Quem é aquela mulher?!
Ela caminha apressada, seus passos ecoam rua afora chamando a atenção na escuridão. O perfume forte fica por onde ela passa, e quem a vê consegue imaginar sua profissão. Saia curta, rosto maquiado, bijuterias nos braços e pescoço, o batom vermelho forte marcando os lábios.
Todos a julgam... Apenas mais uma mulher da vida, que não teve sorte e vende seu próprio corpo para sobreviver. Seria bom se não a vissem assim, mas não, é assim que a vêem, não passa de uma mulher da vida, uma rameira, que não procura um emprego decente, que vende o corpo porque não presta, não vale nada.
Ela caminha rápido, parece se esconder na noite, só se escuta o barulho dos saltos na calçada. Ninguém sabe do seu coração, ninguém conhece seu passado e nem quer saber do seu futuro, não sabe que ela, aquela mulher perfumada, bonita e vulgar é uma mãe, uma mulher frágil, uma sofredora que se viu jogada à sorte desde o dia que nasceu. Sua beleza só trouxe problemas, porque sabe que se fosse feia teria arrumado um emprego pelo menos de lavadeira ou outro emprego qualquer, alguém a olharia apenas como uma coitada e não como uma mulher propensa a roubar o marido alheio.
Sua beleza era uma arma e uma maldição, não era culta, não parecia ser inteligente, era apenas mais uma mulher ganhando a vida de maneira fácil. Se as pessoas soubessem o quanto era difícil essa vida, por tudo que ela tem que passar para conseguir o pão, para alimentar os que dependem dela. Cada homem era apenas mais um, nenhum tinha importância, nenhum dava a ela seu devido valor, a usavam a seu bel prazer e só, não perguntavam seu nome, pagavam iam embora e pronto.
Era uma vida complicada, mas era essa que ela conhecia, não teve uma família, não conhecia o amor, não tinha sonhos, apenas vivia um dia depois do outro, lutando bravamente para sustentar o seu bem mais precioso, uma filha, de pai desconhecido, mas que não teria seu destino, que estudaria, que seria feliz, mesmo que para isso ela tivesse que vender seu corpo a cada homem da rua que pagasse.
Ela continua sua caminhada, entra em um hotel, sobe as escadas, mais uma noite chega ao fim, seu corpo pede um longo banho onde pode finalmente relaxar. Depois do banho ela se deita e abraça seu grande amor, que abre os olhos e sorri.
- Oi, mamãe, estava com saudade. Eu te amo!
Acaba de receber o seu maior pagamento da noite, retribui o sorriso e dorme. Daqui a pouco nasce um novo
dia, e outra longa noite a espera.
Quando recebi o email da Nanie com o convite para participar do aniversário do blog, fiquei muito feliz.
Ela me passou alguns temas para escolher, de cara pensei em escolher o tema livre, uffa, seria uma forma de presentear ao Nanie’s World com alguma coisa diferente e única.
Pensei em escrever um conto, mas tinha que ser algo diferente dos contos que escrevo normalmente, então saiu de uma inspiração um conto inteiro, dedicado exclusivamente ao blog da Nanie. Espero que os amigos e seguidores do blog gostem, assim como foi um prazer escrever.
Valeu, Nanie, pelo convite, é sempre um prazer fazer parte do seu blog!
Sobre a Leninha: Aurilene Vieira, mais conhecida como Leninha, mora em Brasília! Tem uma família linda e cultiva um dos melhores blogs literários da blogosfera brasileira. Blog: Sempre Romântica.
Pedra Escolhida: Rubi
Nossa, Leninha, que conto forte esse. Mas é lindo! Eu adorei! Muito obrigada por participar do aniversário do blog!