Delírio, de Lauren OliverIntrínseca, 342 páginas

Título: Delírio
Título Original: Delirium
Autor: Lauren Oliver
Tradutor: Rita Sussekind
Editora: Intrínseca
Ano da Edição: 2012
Ano Original de Lançamento: 2011
Nº de Páginas: 342
Série: Delírio - Vol. 1
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Sinopse:
Lena tem uma mancha em seu passado. Sua mãe pegou a doença e apesar das três tentativas de cura nunca conseguiu se ver livre dela. E, depois de tanto sofrimento, ela acabou se matando. Assim, Lena e a irmã poderiam ter ficado desamparadas, mas foram acolhidas pela tia - a quem Lena trata com absoluta obediência.
Desde que se lembra, ela conta os dias para intervenção - para que enfim não precise mais se preocupar com essa doença terrível que foi a responsável pela quebra de sua família.
Mas será mesmo que ela quer isso? Sempre que se lembra da mãe, são momentos felizes, de muitas risadas - momentos que não são comuns em famílias curadas. Será que ela conseguirá ser feliz sendo como todo mundo?
"Tem certeza de que ser como todo mundo fará você feliz?"Ela estava bastante certa sobre o que queria para o seu futuro até que conhece Alex. E ser infectada. Infectada pelo "Amor Deliria Nervosa" - ela está apaixonada! E o mundo sem esse amor parece não ser mais interessante.
"Você pode morrer de amor ou da falta dele."
O que eu achei do livro:
Resumindo Delírio em poucas palavras: "bom como romance, fraco como distopia". Agora explico-me aos pouquinhos.
Delírio é um romance para jovens adultos (o famoso young adult) e como tantos outros do gênero tem uma narrativa bem simples e fluidia, com uma protagonista adolescente. Lauren Oliver tem uma escrita gostosa, mas que não tem nada de muito especial.
Sua protagonista, Lena, é muito cheia de dúvidas e chega a ser enfadonha em alguns momentos. A melhor amiga, Hana, é bem mais decidida e, a meu ver, daria uma protagonista mais interessante (mesmo que, em certo momento, tenha fraquejado. Aliás, até essa fraqueza me pareceu interessante). Não que Lena seja de todo ruim, ela só é um pouco irritante em alguns momentos (coisa muito comum nos romances desse estilo).
Como romance, o livro é ótimo. Tem um romance que nasce quase aos poucos - não é tão lentamente quanto um romance maduro, mas também não é tão repentino que se torne inacreditável. É uma paixão bem adolescente mesmo, daquele tipo mais intenso. A evolução é muito interessante e o envolvimento dos personagens também.
Por outro lado, como distopia, Delírio deixa um pouco a desejar. Achei muito interessante a forma como o amor é tratado como doença: o "Amor Deliria Nervosa". E a cura dessa doença é obrigatória para todos os cidadãos. A autora mostra um pouco de como o sistema é repreensivo, autoritário e mina a liberdade das pessoas com regras e leis, o que acaba levantando algum questionamento no leitor. Afinal de contas, você prefere amar e correr o risco de sofrer quando esse amor chegar ao fim ou quando não for correspondido, ou prefere nunca sofrer desse mal? Nunca se apaixonar por outra pessoa, nem mesmo como amizade? Mas é só isso. O livro, que prometia ser distópico, acaba não se aprofundando muito na questão de falta de liberdade e não mostra muito desse novo mundo imaginado pela autora. Como grande fã de distopias, eu senti falta desse maior questionamento vindo da protagonista e também de conhecer um pouco mais desse governo tão diferente do nosso.
A edição do livro em português ficou maravilhosa! A capa está linda e o trabalho gráfico impecável. Ao vivo, a capa é metálica e ainda mais bonita do que nas fotos da internet (que não conseguem mostrar o quanto essa capa brilha) - o detalhe das letras também é deslumbrante, vazadas, há um rosto por trás das letras. Eu não tive a oportunidade de ler o original em inglês, então não posso falar sobre a tradução, mas alguns episódios me deixaram curiosa para saber se está do mesmo jeito em inglês - e devo confessar que preferia o título original. A revisão ficou muito boa também, o que é sempre uma grande satisfação. Como o final do livro deixa muitas brechas (e eu nunca gosto muito de finais assim, que se assemelham mais ao final de um capítulo do que ao final de um livro), fiquei bastante feliz por encontrar um trecho do próximo volume. Outra coisa que me agradou muito foram as epígrafes (aquelas citações no início de cada capítulo): todas são de livros desse novo mundo imaginado por Lauren Oliver, o que me deixou ainda mais curiosa para conhecê-lo melhor.
Delírio é um livro interessante e uma leitura gostosa, mas não é a melhor distopia. Indico principalmente para adolescentes, que apreciam essa paixão arrebatadora e o ritmo ágil da narrativa. Leitores adultos que procuram uma maior crítica à sociedade (coisa comum em livros distópicos) podem, como eu, se decepcionar um pouquinho.
PS: No capítulo dois, a personagem fala de laranja como se fosse mexerica (ou tangerina, dependendo de que lugar do Brasil você é, ou até mesmo pocã, bergamota ou mandarina). Ela descasca com a mão e separa os gominhos. Isso para mim é mexerica, não laranja. Laranja não dá para descarcar com as mãos e nem mesmo para separar em gominhos. Eu queria saber como está no original. Se alguém tiver o livro original e puder olhar para mim - para matar minha curiosidade - eu ficaria muito grata. A mexerica é até conhecida como "laranja-cravo" ou "laranja-mimosa" em algumas regiões, mas achei muito estranho chamar apenas de laranja.
PS2: Quando Lena vai ser entrevistada, ela dá o sobrenome da mãe, porque diz que é assim que tem que ser quando fala com o governo. Mas ela não menciona que o nome dela é Magdalena - inclusive na ficha está escrito Lena. Só mais tarde ela fala que Lena é apelido para Magdalena e ainda revela que existe um nome do meio. Achei bastante estranha essa relação dela com o nome, até porque ela não deu o nome completo, mas o apelido. Outra coisa que eu gostaria de saber como está no original.
Nota:
Dificuldade de Leitura: