sexta-feira, 15 de março de 2013

É Melhor Não Saber, de Chevy Stevens

É Melhor Não Saber, de Chevy Stevens
Arqueiro - 317 páginas
Às vezes, a ignorância pode ser uma benção.




Título: É Melhor Não Saber
Título Original: Never Knowing
Autora: Chevy Stevens
Tradutor: Maria Clara de Biase
Editora: Arqueiro
ISBN: 978-85-8041-121-8
Ano da Edição: 2013
Ano Original de Lançamento: 2011
Nº de Páginas: 317
Comprar Online: Saraiva


Sinopse:
Sara Gallagher cresceu em uma família adotiva. A mãe sempre foi muito carinhosa, mas ela sentia que depois do nascimento de suas duas irmãs mais novas (filhas biológicas do casal que a criou) seu pai havia se afastado e nunca a tratara como às outras meninas.
Assim, Sara sempre desejou encontrar sua família, conhecer suas origens.

Já havia tentado em alguns momentos do passado, mas sempre com muito cuidado para não machucar sua mãe de criação, que poderia ficar chateada e não entender os motivos dela.

Dessa vez, Sara consegue encontrar sua mãe biológica, mas as coisas não saem da maneira como ela sempre imaginou. Sua mãe esconde alguma coisa.

Mal sabe Sara que era melhor não saber... conhecer o seu passado irá transformar completamente a sua vida e ela se verá envolvida até mesmo em uma investigação policial, na qual sua participação será fundamental para capturar um perigoso assassino.


O que eu achei do livro:
Muito bom!

Como já é de praxe, a sinopse da Arqueiro entrega algo que eu penso que não deveria ser falado. Mas ao mesmo tempo, eu entendo que isso esteja ali... afinal de contas, é algo que é revelado logo no início e o livro inteiro gira em torno desse fato.
Mas eu simplesmente achei o máximo ler o livro não sabendo desse detalhe. Foi um susto (um do tipo muito agradável) descobrir tal informação.
Então, eu não recomendo que você leia a sinopse... mas certamente isso que eu chamo de detalhe estará escancarado em qualquer lugar que fale desse livro. Confesso que, nesse momento, enquanto ainda estou escrevendo a resenha, não faço muita ideia de como falar desse livro sem mencionar esse fato. Espero conseguir, entretanto.

Não é o primeiro livro que leio da autora, felizmente já tive a oportunidade de ler Identidade Roubada, que tem uma história muito intensa e bastante envolvente. E agora foi a vez de me envolver com É Melhor Não Saber, outro maravilhoso livro da mesma escritora.
A autora fez algo bem bacana com seu livro: dividiu em capítulos! Ah, é... dividir em capítulos é normal... mas a forma como ela fez cada capítulo é que foi bacana - Chevy Stevens fez de cada parte uma sessão da protagonista com sua psiquiatra.
A protagonista narra a sua história em vinte e quatro sessões, onde ela conta tudo o que aconteceu para sua médica, que sempre é capaz de ajudá-la.

Sara não procura ajuda médica quando essa história começa. Não, ela já tem todo um relacionamento construído em função de traumas do passada - que são explicados, brevemente, durante a trama. E isso só faz com que a personagem narre os acontecimentos de forma bastante intimista. É bem gostoso acompanhar a história dessa mulher!
Eu me senti muito perto dela e me envolvi demais na trama, de forma que aproveitei cada mínimo acontecimento e desdobramento de um enredo tão bem montado.

A narrativa de Chevy Stevens, na voz ativa de Sara, é uma delícia! Como já mencionei, a autora narra a história de uma forma bastante intimista, que aproxima mesmo o leitor dos acontecimentos e o faz mergulhar de cabeça na trama. A leitura é super rápida e, embora os capítulos não sejam curtos, é quase impossível resistir a ler "só mais um capítulo".

Uma coisa que me impressionou demais foi todo o trabalho de desenvolvimento dos personagens. Para mim livro bom tem que ter personagens bons. O que é um personagem bom? É aquele que tem um passado, cujas atitudes do presente condizem não apenas com tal passado, mas também com sua personalidade, que precisa ser bem definida e bem delineada - mesmo que seja um personagem secundário.
E nesse livro isso acontece! Não é apenas Sara que é bem construída, mas também todos aqueles que a cercam e que contribuem de alguma forma para a construção dessa história.

Como um bom thriller, o livro é recheado de mistérios. Mas não pense que tudo se resolverá no final - essa é a melhor parte! Logo no início a autora já revela algo bem grande e depois consegue revelar apenas o suficiente para que o leitor fique tão fissurado na trama que não consiga largar o livro de lado enquanto não lê a conclusão da saga de Sara.
Achei genial a forma como Chevy Stevens misturou problemas psicológicos, com investigação policial e traumas familiares, sem deixar nenhum dos três pontos pouco explorados.

A capa do livro é extremamente bonita (muito mais bela do que a americana), entretanto guarda uma semelhança com sua prima estrangeira: ambas são completamente desconectadas da história. Não sei como foi possível tal prodígio, mas é verdade. A capa não tem muito a ver com o livro - ao menos, eu acho que ela fica bem distante - e pode acabar atraindo o tipo errado de público. Esse não é um livro para adolescentes, não é um romance, é um livro policial, um thriller, um livro mais sério e sombrio.
Claro que essa é só a minha opinião e sei que muita gente pode não só gostar da capa (eu gosto muito dessa capa porque, apesar de não se encaixar muito na história, ela é linda!) mas também achá-la muito adequada.

O que realmente me desagradou no livro foi um pequeno detalhe pertinente à parte de tradução/revisão. Em português, o discurso direto é marcado por "parágrafo e travessão" - o que não é igual em inglês, onde o discurso direto é marcado apenas pelo uso de aspas. Assim sendo, esse é um ponto que tem que ser mexido em todas as falas de livros traduzidos - colocando parágrafo e travessão.
Só que nesse livro isso não aconteceu em vários momentos! Foi uma mistura entre falas de personagens e narrativa da protagonista que realmente me irritou e até chegou a atrapalhar em alguns momentos - porque eu tinha que reler o trecho de forma a entender que não era o personagem que estava falando, mas sim um retorno para a narrativa.
Ponto negativo para a Arqueiro que costuma ter livros impecáveis nesse quesito. Não é algo que impossibilite a leitura, mas é o suficiente para torná-la um pouco menos agradável.

O livro é capaz de surpreender, mas para mim a maior surpresa mesmo foi aquela que a sinopse conta (até por isso, estou dizendo: não leia a sinopse! Basta saber que Sara está procurando suas origens e que descobri-las irá envolvê-la em uma importante investigação policial). O final é muito bom, mas um tanto previsível (eu realmente já tinha conseguido imaginar aquilo e achei que a história estava se encaminhando exatamente para esse lugar).
Não que isso tire completamente o brilho da história, porém, acaba por tornar este um livro normal. Normal, mas ainda assim muito bom! Vale a pena embarcar nessa trama e se deliciar com a narrativa de Sara.


Nota: 

 
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