sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Predestinados, de Josephine Angelini

Predestinados, de Josephine Angelini
Intrínseca - 315 páginas
Um livro que prometia ser maravilhoso, mas acabou como uma grande decepção.



Título: Predestinados
Título Original: Starcrossed
Autor: Josephine Angelini
Tradutor: Ana Luíza Libânio Dantas
Editora: Intrínseca
ISBN: 978-85-8057-220-9
Ano da Edição: 2012
Ano Original de Lançamento: 2011
Nº de Páginas: 315
Comprar Online: Saraiva
Série: Predestinados - Vol. 1

Sinopse:
Helen sempre se sentiu meio diferente de todo mundo. Ela sabia que poderia correr mais rápido do que qualquer um, se quisesse... e também era mais forte que qualquer homem que conhecia.
Mas ela nunca soube explicar por que era assim.

As coisas, entretanto, iam bem - ela conseguia se controlar o suficiente para parecer uma garota normal. Até que a família Delos se mudou para a ilha onde ela morava.
Na primeira vez que viu Lucas Delos, ela quis matá-lo. Esse sentimento, todavia, não durou muito - eles logo se apaixonam. Só que é uma paixão probida.


O que eu achei do livro:
Esse livro é maravilhoso, tudo de bom, mal posso descrever o quanto me diverti lendo essa história encantadora, original e ultra bem escrita. Só que não.
Eu queria que o livro fosse bom. Queria muito. Mas não deu. Eu me esforcei muito (e acreditem, foi mesmo um esforço hercúleo) para terminar o livro e tentar encontrar algo bacana até o final, mas não deu.

Se pela sinopse já parece que o livro é cheio de clichês, a leitura só revela que lugares comuns são a especialidade de Josephine Angelini. Veja bem, eu não acho que clichês necessariamente estragam uma história - já li diversos livros recheados de clichês que ainda assim conseguiam ser muito bons. Só que a autora de Predestinados não conseguiu fazer isso. O tempo inteiro eu senti que já havia lido aquela história, já havia visto aquilo antes em algum lugar. E isso não é legal - nunca é. A escrita de Josephine Angelini também não é boa - é simplista demais e confusa em diversos momentos. O desenvolvimento da história é lento e arrastado, com mudanças bruscas de temperamento dos personagens que chegam a deixar o leitor perdido. Os parágrafos parecem truncados - às vezes sentimos falta de algo, como se alguma coisa tivesse sido cortada - e em outros momentos parece que a autora está escrevendo a mesma coisa vezes sem fim.

A história é recheada de furos. Um dos casos envolve um nome - que deveria ser passado de avô para neto. Mas, eu me pergunto, por que para aquele neto especificamente e não para o neto mais velho?! Pois é, a autora não se dá ao trabalho de explicar muita coisa da história - e fica tudo muito nebuloso (não que ela deixe todos os mistérios para serem revelados no segundo volume, mas ela tampouco explica decentemente aquilo que revela). Até mesmo a relação de parentesco entre os integrantes da família Delos que não se mudaram para a ilha ficou confusa (não vou entrar em detalhes para não acabar dando spoilers). Mas não é só isso: a autora quis criar uma trama muito intrincada - repleta de detalhes -, mas, a meu ver, não conseguiu costurá-los muito bem, o que deixa o leitor perdido entre tantos acontecimentos e a conexão entre os fatos fraca e mal explicada. Um bom exemplo são os sonhos que Helen tem - com uma breve e mal feita explicação no final a autora pretendia dar sentido a eles, mas não conseguiu - eles são extremamente chatos, não enriquecem em nada a trama e não foram devidamente destrinchados para o leitor.

O pano de fundo de Predestinados deveria ser a mitologia grega - ao menos era isso que eu esperava. Como amante de mitologia (e contos e lendas), eu estava verdadeiramente encantada com esse livro antes da leitura, porque esperava encontrar uma história rica - com elementos de uma das mitologias que mais influenciaram a sociedade contemporânea ocidental. Infelizmente, esse livro foca na guerra de Troia - e mais especificamente nos acontecimentos narrados na Ilíada. Focar em uma parte da mitologia não seria um problema - a meu ver -, se, ainda assim, todo o restante dessa rica identidade cultura fosse levado em conta. Só que não foi - a autora parece ter esquecido que há muito mais do que a guerra de Troia. Eu esperava muita coisa, muita referência, mas não recebi nada disso. Meia dúzia de fatos são rapidamente citados e é isso - não há mais. Foi frustrante descobrir o quão pouco de mitologia grega havia no livro.

Os personagens também não conseguiram me agradar. Muitas vezes eu não me identifico com nenhum personagem, em outras me identifico com algum personagem secundário ou algum que apareceu em duas frases apenas... mas mesmo assim eu consigo gostar (ou odiar! Personagens que conseguem me fazer odiá-los são sempre interessantes, mesmo que eu não goste deles!) deles. Não aconteceu em Predestinados. São todos superficiais demais. Todos são lindos - e isso é irritante. Não mais do que o fato de que Helen é absolutamente linda, mas se acha horrível. Posso com isso? Dá nos nervos. Ela ainda é a melhor em tudo - inteligente, boa atleta, forte... Ela é a mais forte do seu tipo (que tipo?! Bom, prefiro que você descubra lendo o livro... embora isso seja revelado logo e seja comentado em várias outras resenhas). E Lucas?! Ele também é lindo, super forte, inteligente, rico. Argh - um saco. E além de tudo isso, ainda há o amor instantâneo e proibido entre os dois. Proibido por quê?! Bem, ele prefere não contar para a Helen (aliás, ele se mantém curiosamente perto e distante ao mesmo tempo, sem nem dizer para ele que seriam proibidos um para o outro e, claro, também sem dizer o motivo) - e apesar do livro ser contado em terceira pessoa, o leitor também fica no escuro. E mesmo sem existir nenhum relacionamento amoroso entre os dois há um tensão sexual no ar quase inexplicável! Sério - eu não consigo entender. Os dois têm 16 anos, eu compreendo que há muito hormônio envolvido, mas um beijo não iria fazer com que eles quisessem loucamente transar um com o outro sem conseguir se segurar. Sério, eu realmente não engoli isso. E, novamente, mesmo sem estar namorando, Lucas não desgruda de Helen! O moleque até mesmo dorme no telhado dela, com a desculpa que está velando o sono da garota e a protegendo. E não é só isso! Os dois ficam juntos o tempo inteiro: eles vão para a escola juntos, treinam juntos, dormem juntos - acho que a garota não tinha privacidade nem mesmo para ir ao banheiro. Desculpem-me todos aqueles que gostam de todo esse grude, mas para mim não cola! Você pode estar perdidamente apaixonado pela outra pessoa, mas é preciso o mínimo de privacidade. E os demais personagens?! Quem? Pois é - eles são menos do que personagens secundários e sua participação é quase nula durante o livro - suas características nem mesmo são decentemente citadas (aliás, odeio a mania de Helen de fugir correndo quando se pai faz qualquer pergunta). A irmã de Lucas, seus primos, os pais dos garotos e os amigos de Helen na escola transitam como fantasmas pela trama e são utilizados apenas quando estritamente necessários - eles não são explorados de uma forma interessante.

A sensação final de ler o livro foi que eu estava dando uma olhada nos rascunhos da autora - sem uma conexão bem feita entre os acontecimentos, ainda sem saber em quantos livros aquilo ali seria escrito, o que acabaria sendo cortado e ainda sem a revisão final do autor. Enfim, parece mesmo um monte de coisas jogadas e não uma história bem montada. Mas acho importante destacar que gosto e "cutovelo" esquerdo cada um tem o seu (cotovelo, né?!) e, portanto, essa é apenas a minha opinião e não uma verdade absoluta sobre o livro. Li muitas resenhas pelo skoob e pelo Goodreads depois que escrevi a minha (porque achei que poderia estar sendo chata demais com o livro) e me deparei com opiniões que concordam comigo e tantas outras que discordam (tem muita gente que achou o livro cinco estrelas de tão bom). O que eu posso dizer?! Não pegue esse livro esperando algo inédito e original, é bastante parecido com outros YA's sobrenaturais que existem por aí. E não espere grandes coisas sobre a mitologia grega. Talvez com esses dois fatos em mente, você consiga ler o livro sem grandes expectativas e possa até gostar da história (se relevar o fato de que a escrita da autora não é muito boa). Eu, entretanto, não consegui ser seduzida por Predestinados e não pretendo ler a continuação.

PS: Uma parte muito ridícula no livro e que poderia ter sido cortada (aliás, DEVERIA ter sido cortada) é quando Helen pensa se Lucas é gay. Porque, no ponto de vista dela, valeria a pena fazer uma cirurgia de mudança de sexo para ficar com ele. Sério, ela pensa isso. Faz algum sentido para você? Não para mim.

Nota: 





Dificuldade de Leitura: 


 
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