Os Deixados para Trás, de Tom PerrottaIntrínseca - 317 páginas

Título: Os Deixados para Trás
Título Original: The Leftovers
Autor: Tom Perrotta
Tradutor: Rubens Figueiredo
Editora: Intrínseca
ISBN: 978-85-8057-230-8
Ano da Edição: 2012
Ano Original de Lançamento: 2011
Nº de Páginas: 317
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Sinopse:
O dia 14 de Outubro ficaria marcado para sempre. Nesse fatídico dia, várias pessoas simplesmente desapareceram. Em um segundo estavam vivendo normalmente - vendo fotos, assistindo tv, praticando esportes - e no segundo seguinte tinham sumido.
Mesmo aqueles que estavam por perto dos que sumiram não têm muito a dizer. Não há nenhuma explicação definitiva, embora muitos acreditem que tenha sido o Arrebatamento divino. Teoria debatida por outros, já que as pessoas levadas nem sempre eram cidadãos exemplares. Não há uma ligação aparente entre essas pessoas, nem mesmo características que as diferenciem daqueles que ficaram.
Entretanto, não há o que fazer. A não ser seguir em frente.
O que eu achei do livro:
Acho que ninguém gosta quando um livro não consegue ser bacana. Eu, ao menos, detesto quando não gosto de um livro. Mas infelizmente foi o que aconteceu com Os Deixados para Trás.
A narrativa de Tom Perrota é bastante gostosa - simples e ágil, uma leitura fluidia. A ausência de um único protagonista também me agradou muito - acompanhamos vários personagens, que estão conectados de alguma forma e cujas vidas foram inevitavelmente modificadas depois do 14 de Outubro. Entretanto, esses mesmos personagens não conseguem ser interessantes. Tinham tudo para ser marcantes: são diferentes, foram atingidos de formas distintas pelo evento... mas, ainda assim, são apagados. Simplesmente estão ali. Além disso, o enredo também não encanta.
O autor se preocupa apenas em contar a vida desses poucos personagens, mas em momento algum diz claramente o que aconteceu no restante do mundo. Por conta de um único personagem que não se encontra morando na cidade de Mapleton (embora seja muito próximo dos demais) temos a certeza de que o Arrebatamento não aconteceu apenas nessa cidade, mas, possivelmente, no mundo todo. Digo possivelmente porque isso não fica claro. O autor não explora o que tal acontecimento causou no mundo inteiro. E por mais que as pessoas tenham que continuar com as suas vidas após algum tempo do acidente, eu realmente acho que o mundo contemporâneo deveria carregar não apenas cicatrizes pessoais (que, essas sim, são bem exploradas no livro), mas marcas coletivas - mudanças no cotidiano e na maneira de viver. Sabemos que muitas pessoas em Mapleton sumiram - de donas de casas e crianças a jogadores de softbal, mas e fora da cidade? Será que algum líder governamental poderoso sumiu? Alguma liderança religiosa? Talvez cientistas renomados que estavam a frente de pesquisas essenciais? Não há menção a isso. Eu fiquei o tempo todo pensando em todas essas ramificações de um evento desse nível e, por isso, a história de Tom Perrotta me pareceu insignificante. Fiquei pensando nas guerras, na fome, em devastações que a estupidez humana teria feito depois de um evento que teria mudado o mundo. O escritor não entra em detalhes - mostra apenas alguns leves fragmentos de situações caóticas, mas é muito pouco frente ao que eu gostaria de encontrar, frente ao que, em meu íntimo, eu tenho certeza de que o ser humano faria..
Eu sei que o título do livro é Os Deixados para Trás e já esperava que fosse uma história sobre aqueles que continuaram e não sobre aqueles que foram - mas mesmo assim eu ainda aguardava encontrar ao menos alguma coisa sobre aqueles que foram levados. Isso não acontece. Não leia o livro com grandes expectativas.
Talvez eu esteja muito exigente com minhas leituras nesses últimos dias, talvez esses livros tenham mesmo sido fracos. De qualquer forma, essa é apenas a minha opinião e há muitos, felizmente, que com ela não concordam.
PS: Uma coisa que achei super legal no livro foram as capas. Isso mesmo, no plural! São duas capas diferentes: a rosa com um sapato masculino (clique aqui para vê-la) e a azul com um sapato feminino. Particularmente eu gostei mais da azul, por isso ela foi minha escolhida, mas achei as duas bem bonitas.
Achei super bacana a inversão de cores com a representação dos sapatos. O azul é considerado uma cor masculina, assim como o rosa é considerado uma cor feminina; o sapato de salto representa um calçado feminino e o sapato social um calçado masculino. A mistura desses elementos na capa ficou muito bacana.
PS2: Encontrei uma palavra no livro que me causou certo estranhamento: "extática". Eu nunca havia me deparado com essa palavra e como estática se encaixava no contexto, fiquei bastante curiosa. Como sempre faço quando há alguma dúvida referente à ortografia e significado, eu pedi ajuda ao dicionário. E ele me ajudou muito. Segundo o dicionário Priberam:
- Estático: imóvel, sem mover, parado (como estátua);
- Extático: enlevado em êxtase, arrebatado, absorto.
E assim eu aprendi mais uma palavra. Fiquei estática, ou melhor extática com essa descoberta!
PS3: Existe uma série, que já ficou várias vezes em promoção no Submarino, cujo título é bem parecido com o desse livro: Deixados para Trás, de Jerry B. Jenkins e Tim LaHaye. Eu não li essa série, portanto não posso comparar as duas histórias. Muitas pessoas me falaram que essa série é maravilhosa e eu fiquei verdadeiramente curiosa para saber se eu também iria gostar, já que o livro de Tom Perrotta não conseguiu me conquistar.
PS4: Segundo livro que eu leio com tradução de Rubens Figueiredo. Gostei bastante do trabalho desse cara e espero encontrar outros livros traduzidos por ele.
Nota:
Dificuldade de Leitura: