quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Culpa é das Estrelas, de John Green

A Culpa é das Estrelas, de John Green
Intrínseca - 286 páginas
A descoberta de um novo amor é sempre algo lindo e delicioso de se acompanhar, não importam as circunstâncias.




Título: A Culpa é das Estrelas
Título Original: The Fault in Our Stars
Autor: John Green
Tradutor: Renata Pettengill
Editora: Intrínseca
ISBN: 978-85-8057-226-1
Ano da Edição: 2012
Nº de Páginas: 286
Comprar Online: Saraiva / Submarino

Sinopse:
Hazel tem 16 anos, mas não leva uma vida parecida com a de outras garotas da sua idade. Afastada da escola há mais de três anos, a garota luta contra um câncer implacável.
Preocupada com a filha, a mãe a obriga a ir a uma reunião para adolescentes que sofrem ou já sofreram com o câncer e é num desses encontros que Hazel conhece Gus.
Gus também teve câncer, mas após amputar a perna, já está sem sinais da doença há mais de um ano.
Os dois começam a conversar e se veem envolvidos amorosamente - um relacionamento puro e lindo!

Pré-Resenha:
Primeiro: que diabos é isso? Uma pré-resenha é o que vem antes da resenha. Na verdade, eu ainda nem terminei o livro - estou na página 120, mas simplesmente não poderia deixar de escrever isso. Principalmente porque agora (no momento em que escrevo esse texto e não no momento em que publico essa resenha) eu sei do final tanto quanto todos aqueles que não leram o livro. Portanto, eu posso falar à vontade - não é spoiler, é adivinhação ou melhor, tentativa de adivinhação.
Ok, admito. O Felipe Fagundes tinha razão. O livro A Culpa é das Estrelas é incrível!
Eu já derramei várias lágrimas lendo inúmeras passagens do livro. É tudo tão tocante, tão pungente, tão lindo! Mas na mesma proporção é triste demais.
Eu acabo de ler a página 120, a última do capítulo oito - o que não representa nem mesmo a metade do livro. E uma coisa rara aconteceu: eu não quero continuar a ler esta história. Entretanto, este desejo não é porque a história é ruim, pelo contrário, é porque esta é uma das melhores histórias que eu já li. Os personagens são tão vívidos que eu não posso deixar de sentir que eles são reais e, assim, eu não posso deixar de sofrer com eles. E no fundo eu tenho a certeza absoluta de que o fim deste livro será triste e que haverá ao menos uma morte. Só que já me apeguei demais a todos os personagens, não posso perder nenhum - nem mesmo o Azulzinho.
A minha vontade nesse momento é fechar o livro e guardá-lo na minha prateleira. E o final? Bem, eu imagino o meu próprio final. Um onde as coisas iriam dar certo - a doença da Hazel iria ser milagrosamente curada, Gus continuaria bom, os dois conseguiriam realizar o grande desejo e depois se tornariam namorados, ficando juntos pelo resto da vida e sendo felizes para sempre. Qual é o problema do John Green? Não é à toa que "felizes para sempre" é uma fórmula tão famosa e que já foi usada tantas vezes - ela agrada. E eu não quero um final triste, acho que não vou aguentar um final triste.
Pena que sou curiosa demais e não vou conseguir me acalmar enquanto não ler o que o autor tem para me contar no restante do livro. Mas que fique claro que eu certamente o odiarei pelo resto da minha vida.

O que eu achei do livro:
Definitivamente, eu odeio o John Green. E o amo na mesma proporção.
Pois é, eu não resisti e li o livro até o fim. E eu tenho muito a falar sobre essa linda história. Talvez essa resenha fique grande demais e como sei que alguns leitores são preguiçosos, adianto que o livro é incrível e que a leitura vale muito a pena (a leitura do livro, não da resenha).
Se você não tem preguiça de ler uma resenha comprida, pode continuar agora.
John Green criou uma história maravilhosa! Sensível, tocante, triste, dilacerante, engraçada e emocionante. Todos esses adjetivos se encaixam em praticamente qualquer página do livro. Ao mesmo tempo em que ria das brincadeira dos Gus, eu chorava.
A vida é mesmo efêmera e o fim não está próximo apenas para quem sofre de câncer. Todos nós estamos morrendo, mesmo que não saibamos precisamente com qual velocidade e não tenhamos ideia do quão perto estamos do fim. Lendo o livro eu só pensava em uma personagem com a qual me identifiquei muito (de outra história, que eu prefiro não dizer qual para quem não leu não pegar spoiler) que morreu em um acidente de trânsito quando a sua vida finalmente parecia estar entrando nos eixos. Ela não era velha, não tinha nenhuma doença - estava amando e muito feliz... nem por isso a morte deixou de levar sua presa.
Mas, convenhamos, saber que o fim está próximo assusta. Saber que toda dor e sofrimento não serão o suficiente para curar a doença e que todo tratamento também não será o suficiente. Como seria conviver com uma doença terminal? Eu acho que não conseguiria lidar com tudo tão bem quanto Hazel, ou como meu pai. Como meu pai veio parar na história?
Meu pai teve câncer e acho que por isso esse livro ainda doeu mais em mim do que em outras pessoas. Ele nunca se abateu, mas nós, a família, não fomos tão fortes quanto ele. Acho que nunca vou me esquecer quando vi meu pai no hospital depois da primeira (e única) sessão de quimioterapia: a boca toda machucada, sem cabelo e sem bigode (nem mesmo a minha mãe havia visto meu pai sem bigode... e ninguém nunca mais viu desde então), sem poder comer a não ser por um tubo enfiado em seu corpo. Era triste, preocupante e chocante. Um dos episódios mais marcantes da minha vida foi quando minha irmã chegou ao hospital e meu pai disse "Larissa, beba um pouco de água, minha filha". Ela respondeu "não estou com sede agora, pai", "Mas eu estou estou. Beba por mim, por favor", ele disse. Talvez vocês não entendam a gravidade dessa fala. O quanto isso foi emocionante e duro e o quanto isso ainda mexe comigo e com minha irmã até hoje. Provavelmente não entendem...
Outra coisa que foi muito difícil era saber que a quimioterapia era fundamental, mas que o corpo do meu pai era fraco demais para ela. Como ele iria se curar do câncer se não podia continuar o tratamento? Ele já havia retirado o esôfago e parte do estômago, mas os médicos falaram que a quimioterapia e a radioterapia eram fundamentais para impedir o avanço da doença. Ele não fez a radioterapia e fez apenas a primeira de não sei quantas sessões de quimioterapia.
Como meu pai lidava com isso? Com muito bom humor e alto astral. A frase preferida dele, que ele já usava a todo momento naquela época, é "doença? Não tô nem aí - o problema é dos médicos". Mas nós, que já o tínhamos visto em dias tão ruins, não conseguíamos encarar a coisa toda com tanto bom humor e fé na medicina.
Meu pai estava certo no final das contas. Até hoje ele tem dificuldades de entender que não pode comer muito - afinal de contas, o estômago dele tem um tamanho bem reduzido e ele não tem esôfago - e frequentemente passa mal por ter comido demais. Mas ele está bem - firme e forte mais de quatro anos após a operação. E não há sinais da doença.
Por que eu contei isso tudo? Porque ler esse livro tem um significado completamente diferente quando você tem alguma noção do que os personagens estão passando.
Em vários momentos eu chorei. Em vários momentos eu ri. Em todos os momentos eu me emocionei e vivenciei a história tão bem narrada por John Green. A escrita é simples, deliciosa, fluidia e encantadora. Hazel conta sua própria história e amei ler cada detalhe por ela narrado. Os personagens criados pelo autor são simplesmente realistas demais. Dói acompanhá-los. É difícil, mas prazeroso.
Na pré-resenha eu disse que gostaria de parar a leitura na página 120 porque não queria saber o final. Eu sentia que o final seria triste, não tinha jeito e pressentia que poderia ser ainda pior. Não quero afirmar aqui o quanto eu estava certa ou errada, mas vale afirmar que por mais triste que seja o final e, não se enganem, ele é triste, vale  a pena conferi-lo. A inevitabilidade da vida (ou da morte) é retratada de forma cruel pelo autor.
Resenhar esse livro é uma tarefa extremamente complicada, porque há muito que eu quero dizer, mas nem ao menos tenho palavras para falar tudo o que deveria ser dito.
Eu amei Hazel, Gus e Isaac. Eu odiei Hazel, Gus e Isaac. Em diversos momentos, por diversos motivos. Não há como explicar, apenas como sentir. E com certeza ao ler o livro os seus sentimentos não serão os mesmos que os meus. É isso o que um bom livro é capaz de fazer ao leitor.
Um dos melhores livros que já li na vida, certamente. Mas também um dos mais cruéis - dilacerou meu coração.

PS: Dentro da história encontramos menção a duas bandas, alguns livros e um jogo de video-game. Infelizmente, tudo isso é invenção de John Green e não encontraremos nada disso no mundo real. Fiquei bastante curiosa para conhecer The Hectic Glow e seu som capaz de encantar Hazel e Gus. Queria compartilhar com eles Uma Aflição Imperial - talvez não se tornasse o meu livro favorito, mas com certeza seria bacana conhecer toda a história. Ou até mesmo jogar uma partida de O Preço do Alvorecer. Sou péssima em games, mas me sentiria mais perto de Isaac se eu pudesse curtir esse jogo, mesmo que brevemente (além do que, mesmo sendo péssima eu adoro jogar). Assim como Daniel Handler nos fez querer conhecer filmes inexistentes, John Green nos deixa com essas vontades insaciáveis - nunca vou ouvir essa banda, ler esses livros ou jogar esse jogo.

PS2: Uma das passagens que mais me marcou muito está logo no início do livro - página 28.
"Os 'privilégios do câncer'  são pequenas coisas que as crianças com câncer recebem e as saudáveis, não: bolas de basquete autografadas por ídolos do esporte, perdão pelo atraso na entrega do dever de casa, carteiras de motorista não merecidas etc."
Por que me tocou tanto? Porque deve ser triste demais perceber que você está conseguindo coisas apenas porque está doente. Você sabe que todo mundo está fazendo as coisas de boa vontade, mas não consegue deixar de pensar que eles estão com pena e que, muito provavelmente, não teria conseguido nada daquilo se estivesse saudável.

Nota: 




Dificuldade de Leitura: 


 
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