terça-feira, 26 de junho de 2012

O Temor do Sábio, de Patrick Rothfuss

O Temor do Sábio, de Patrick Rothfuss
Arqueiro - 960 páginas
E nesse segundo dia, acompanhamos mais da incrível história de Kvothe, o Matador do Rei.



Título: O Temor do Sábio
Título Original: The Wise Man's Fear
Autor: Patrick Rothfuss
Tradutor: Vera Ribeiro
Editora: Arqueiro
Ano da Edição: 2011
Nº de Páginas: 960
Comprar Online: Saraiva / Submarino
Série: A Crônica do Matador do Rei: Segundo Dia
Outros livros da série:
     - O Nome do Vento

ATENÇÃO: Essa é a resenha do segundo livro da série. Se você ainda não leu o primeiro e não gosta de SPOILER, talvez não seja uma boa ideia ler essa resenha. A Nanie evita spoilers, mas como é uma série, não tem como não falar nada do que aconteceu anteriormente.

Sinopse:
Começa um novo dia na hospedaria Marco do Percurso. E um silêncio em três partes preenche o ambiente.
Mas não por muito tempo. Kvothe reinicia sua história. O Cronista irá escrevê-la cuidadosamente e Bast irá escutá-la com toda a atenção, esperançoso de que através de suas próprias memórias, Kote volte a ser Kvothe.

O que eu achei do livro:
Que sinopse é essa para um livro de quase mil páginas? Bom, quanto menos melhor. E já começo a resenha dando um aviso muito importante: não leiam a sinopse brasileira do livro. O motivo é bem simples, a sinopse conta várias coisas que acontecem no livro e você não chegará a página 600 sem ter lido tudo sobre o que a sinopse fala. É um verdadeiro absurdo, né?! Então passe longe dela.
Quando eu li O Nome do Vento, eu me apaixonei por Kvothe e por Patrick Rothfuss e lendo O Temor do Sábio eu me apaixonei pelos dois novamente.
Patrick Rothfuss escreve de maneira sublime. O autor é extremamente criativo - conseguiu inventar um mundo que é ao mesmo tempo completamente diferente do nosso, mas ainda assim terrivelmente familiar. Os personagens de Rothfuss são mais do que realistas - são muito bem caracterizados e capazes de despertar paixão e ódio. As descrições do autor são longas, bem feitas e fascinantes. O Temor do Sábio é um livro de quase mil páginas, portanto, não espere que seja uma história corrida, ou rápida, ou cheia de ação. Aliás, tem bastante ação na história, mas tem bastante enrolação também. Não é um livro para qualquer um, não é um livro para quem não curte uma boa descrição. Mas é o melhor livro que já li e você estará perdendo muita coisa se deixar-se intimidar pelo número de páginas. Confesso que em alguns momentos eu fiquei com raiva do autor por não contar mais detalhadamente algumas passagens.
Aliás, quem conta a história é Kvothe, o protagonista. Após anos (quantos nós ainda não sabemos precisar), ele é chamado de Kote e não passa de um estalajadeiro. Mas eis que surge um Cronista que quer contar a história do lendário Kvothe - e o hospedeiro decide narrar suas histórias. É tão realistas que eu realmente me sinto escutando Kvothe contando suas aventuras - e em seguida eu me sinto caminhando ao lado do arcanista, vivenciando suas narrativas e sentindo as mesmas coisas que o garoto.
Normalmente os meus livros preferidos são bastante descritivos, porque eu gosto desse estilo de narrativa. Mas Patrick Rothfuss e Kvothe (ele é tão realista que eu sinto que ele existe - em algum lugar) levam isso a um novo nível, que eu não havia encontrado antes. O Senhor dos Anéis, obra de J. R. R. Tolkien, é um livro muito descritivo, mas ele chega a ser enfadonho em alguns momentos. Isso não acontece com O Temor do Sábio. Existem pontos menos empolgantes, momentos em que a leitura flui mais lentamente, entretanto, o livro nunca fica chato.
O que falar do protagonista dessa história, Kvothe? Ele é tão... tão... eu queria uma palavra para colocar aqui, mas não há. Não há nenhuma palavra que consiga descrever Kvothe - ele é inteligente, delicado, esperto, raivoso, desobediente... ele é muitas coisas, mas sobretudo é um dos personagens mais incríveis que já encontrei. Uma das coisas mais difíceis é imaginar que Kvothe tem apenas 15 anos no início desse segundo livro. Você consegue? Eu tenho algumas dificuldades. Não porque o autor não consiga passar essa sensação - ele consegue -, mas é que o personagem é tão incrível e tão maduro que às vezes eu me esquecia. Eu já disse o quanto ele é encantador? Não? Pois ele é. Acho que talvez por isso eu não consiga enxergá-lo com apenas 15 anos, afinal de contas, eu não iria me apaixonar por um garoto de 15 anos, né?! Só que me apaixonei - é viciante acompanhar as aventuras desse músico. A única coisa ruim quanto a Kvothe é sua inépcia com as mulheres - a começar pela sua paixão por Denna (com tantas mulheres mais interessantes no livro, como Auri, Feila ou até mesmo Vashet), mas é claro que isso é só a minha opinião toldada pelo ciúme.
Os primeiro e último capítulos desse livro são excepcionais. O segundo livro começa exatamente onde terminou o primeiro - com o mesmo "Um silêncio em três partes" - esse é um capítulo tão lindo, que é impossível falar sobre ele. Sempre que aparece, ele é ligeiramente diferente, mas inebriante.
O Temor do Sábio é o segundo dia. Segundo dia em que Kvothe conta sua história ao Cronista, assim como o primeiro livro foi o primeiro dia. A história contada pelo protagonista não abrange apenas um dia, mas vários. É a história de Kvothe: há romance, ação, aprendizado - mas não é um livro que se tece sobre um único acontecimento, mas sobre vários. E isso é muito bacana. Mas essa não é a questão que mais me chama a atenção nesse livro. Não há uma distinção entre bem e mal da maneira que estamos acostumados a encontrar. É claro que existe o certo e o errado, mas o bem e o mal não estão bem definidos por uma fronteira retilínea. O próprio Kvothe não é um herói, mas também não é um vilão. É um ser humano que erra e acerta, porém na maior parte do tempo simplesmente tenta seguir o caminho correto.
Eu tentei ao máximo estender essa leitura. Só que chegou a um ponto em que eu não podia mais deixar de lado, porque eu precisava saber mais sobre o Kvothe. E foi assim que O Temor do Sábio tomou o lugar que foi de Coração de Tinta por alguns anos: o lugar de livro favorito em meu coração. A parte triste é saber que o terceiro livro está previsto para 2014 - será uma longa espera, mas tenho certeza que será bem recompensada.
Se você é fã de fantasia não pode deixar de ler um dos melhores livros já escritos (na minha humilde opinião, O melhor).

PS: Se você terminou de ler O Nome do Vento há algum tempo, é uma boa ideia ler um resumo em forma de história em quadrinhos criado pelo próprio autor, com auxílio de Nathan Taylor - clique aqui para ler diretamente no blog do autor. Eu encontrei isso no blog Palavreando ainda antes de terminar a leitura do primeiro livro e adorei. Então imagino que quem já leu há algum tempo irá gostar ainda mais. Bem que o autor poderia fazer algo parecido para esse segundo livro, embora eu desconfie que não seja possível fazer um resumo tão resumido quanto esse primeiro.

PS2: Cthaeh é um dos seres encantados mais perfeitos que já li! Não encontrei referências sobre ele em outras obras, então imagino que foi criado por Rothfuss. E, mais do que isso, espero que apareça em outros livros (embora isso seja extremamente improvável).
Nesse link você pode ver uma imagem criada por um fã. Se ainda não leu o livro, eu sugiro que não leia a legenda, já que ali ele explica algumas diferenças entre a imagem e o livro. Eu adorei!

PS3: Outro dia, via twitter, eu, Hérida e Raphaella discutimos, brevemente, qual seria a idade do Kote. Naquele momento, eu ainda não havia lido uma passagem do livro e achava que o Kote narrador não teria menos do que trinta anos, possivelmente mais perto dos quarenta. Porém, após finalizar esse livro, eu já não acho que ele seja tão velho - pouco mais de vinte anos é a minha estimativa para a idade do protagonista.

Nota: 








Dificuldade de Leitura: 


 
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