quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O Doador, de Lois Lowry



Título: O Doador
Título Original: The Giver
Autor: Lois Lowry
Tradutor: Maria Luiza Newlands
Editora: Sextante
Ano da Edição: 2009
Ano Original de Publicação: 1993
Nº de Páginas: 185
Comprar Online: Saraiva / Submarino
Série: O Doador


Sobre o livro:
Jonas é um Onze, o que significa que ele faz parte das crianças que tem por volta de onze anos. Isso porque, na verdade, eles não sabem quantos anos a criança tem; ela apenas é inserida em uma turma de crianças nascidas no mesmo ano que irão comemorar sua passagem no final de cada ano, em dezembro. E esse ano é especial para Jonas.
"Havia esperado um tempo enorme por aquele dezembro especial. Agora que quase o alcançara, ele não estava assustado, mas sim... ansioso, decidiu. Estava ansioso para que chegasse logo. E também excitado, certamente. Todos os que pertenciam ao grupo de Onze estavam excitados com o acontecimento que logo viria."
É aos Doze que as crianças recebem suas atribuições - descobrem qual será sua profissão durante a vida adulta - a profissão que o Conselho de Anciãos designou para ela. Todos sempre saem satisfeitos, mas ainda assim Jonas fica apreensivo.
E por mais que ele pensasse no assunto, não poderia esperar pelo que aconteceu com ele.
"- Jonas não foi indicado para uma atribuição, ele foi escolhido. [...] Jonas foi escolhido para ser o nosso próximo Recebedor de Memória."
Ele se tornou um Recebedor. Cada comunidade tinha apenas um Recebedor - que era responsável por guardar todas as memórias, dos tempos mais distantes... E Jonas começa a conhecer tudo aquilo que ele nem mesmo sabia que existia...

O que eu achei do livro:
É muito difícil falar desse livro. Apesar das poucas páginas, ele criou um mundo novo, completamente diferente, embora, teoricamente, seja o mesmo mundo em que vivemos. É um livro sobre sociedade distópica - um assunto que muito me agrada pelas reflexões que sempre desperta.
A sociedade distópica é aquela sociedade repreensiva e controladora, tendo geralmente um Estado autoritário e ditatorial, com pretensão de ser uma sociedade utópica - perfeita. Entretanto, esse estado de perfeição é alcançado limitando-se a liberdade do cidadão, ou melhor dizendo, retirando-a completamente.
Em O Doador, Lois Lowry descreve uma sociedade distópica muito original. Com uma escrita simples, porém envolvente, a autora vai descrevendo, aos poucos, esse "novo mundo" e seu modo de viver. Nas entrelinhas da história de Jonas, fragmentos da sociedade onde ele está inserido são mostrados ao leitor. Essa maneira de caracterizar o lugar ficou incrível! Porque não é estranho ao protagonista o lugar onde ele vive, pelo contrário, é tudo o que ele conhece. E mesmo que ele não seja o narrador (o livro é narrado em terceira pessoa), ainda assim é a história dele que está sendo contada.
Quando o garoto se vê numa posição nunca pensada antes, a de Recebedor, ele começa a entender que o que ele conhece da sociedade não é tudo o que existe. Mesmo que apenas os Recebedores tenham essa visão, há muito mais do que as pessoas podem entender. Nesse momento do livro eu não pude deixar de pensar no Mito da Caverna, de Platão (leia sobre o mito aqui). Livros desse tipo sempre me fazem refletir sobre as nossas próprias escolhas, e também sobre o quanto estamos abrindo mão de nossa liberdade por questões de menor importância. Cada vez que olho o que fazemos, atualmente, em prol de uma "boa vida" e do quanto abrimos mão, vejo como é possível (e até mesmo provável) que nossos descendentes vivam numa sociedade distópica, como as que são descritas em vários livros. E isso é muito triste. Porque as pessoas, simplesmente, não são. Não há individualidade, não há vida, não há escolhas, pensamentos, liberdade... Será que realmente vale a pena viver uma vida assim? Mas seria melhor, então, não vivê-la? Não sou uma boa filósofa, então não vou entrar nessa discussão. Mas ela continua na minha cabeça e, tenho certeza, agora está na sua também. É importante que reflitamos sobre as nossas opções e as da sociedade como um todo. Mas é unanimidade que pensar e questionar são indispensáveis.
O mais difícil na resenha desse livro, é que alguns aspectos não podem ser comentados, porque estragariam as surpresas que o livro reserva! Mas são justamente esses os aspectos sobre os quais eu gostaria de comentar! Mas como sei que a maioria das pessoas não gosta de spoiler (eu mesma não gosto), vou apenas dizer que há algo que Jonas percebe e outras pessoas não percebem - eu fui incapaz de descobrir o que era - e quando você descobre o que é... é simplesmente estarrecedor não ter reparado antes. É impensável, mas faz todo o sentido. É a Mesmice, que é uma das características da sociedade e abrande diversos aspectos, inclusive esse que tanto me deixou estarrecida.
Lois Lowry cria um mundo incrível, no qual eu não gostaria de viver nem por um único dia, mas que consigo visualizar facilmente como sendo o mundo para o qual o nosso se encaminha.
Eu só tenho uma reclamação: o final. Achei o livro incrível, a história maravilhosa! Fiquei pensando e quase não consegui deixar o livro de lado, de tão curiosa que estava para continuar seguindo os passos de Jonas. Mas o final me decepcionou bastante. Foi muito vago, e até mesmo um pouco sem sentido... Eu realmente gostaria que o personagem tivesse um final mais palpável e menos abstrato. E não posso deixar de me sentir um tanto burra (desculpem-me pela palavra, mas é essa mesma que se encaixa) por não ter compreendido totalmente o final e seu significado.
Ainda assim, o livro é MUITO bom! Principalmente por nos levar a reflexões importantes e por sua linguagem mais simples, que pode ser apreendida até mesmo por crianças! Apesar do final um pouco decepcionante, ao menos sob o meu ponto de vista, esse é um livro ULTRA recomendado! Merece todos os prêmios que ganhou! Você PRECISA ler esse livro.

EDITADO:
Descobri, graças ao comentário do Jonathan Henrique, que o livro é parte de uma trilogia. O segundo, Gathering Blue foi publicado em 2000 e o terceiro Messenger foi publicado em 2004. O segundo não é uma continuação direta do primeiro, mas as duas histórias se encontram no terceiro livro!
O Doador foi publicado em 2009 pela Sextante Ficção (que agora se tornou Arqueiro) e os demais ainda não foram publicados no Brasil. Espero que a editora termine a publicação dessa incrível trilogia!
Ainda não acho que o final foi bom, mas pelo menos não é o final definitivo da história!
Enfim, quero mais de O Doador!

Nota: 




Dificuldade de Leitura: 






 
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