segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Entrevista: Jorge Tavares

Jorge Tavares é o autor da série A Guerra das Sombras, cujo primeiro livro foi resenhado aqui no blog: A Guerra das Sombras - O Livro de Dinaer.
Foi um prazer entrevistá-lo, espero que vocês também gostem.



1) Qual o seu nome completo, quantos anos você tem e onde você nasceu?
Meu nome completo é Jorge Luiz Vieira Tavares, tenho 32 anos e nasci no Rio de Janeiro - RJ. Considero-me, porém, mais paranaense do que carioca já que com um ano de idade me mudei para o Paraná.

2) Quando você descobriu essa sua veia de escritor e como isso aconteceu?
Foi um processo mais ou menos lento e espontâneo. Não houve um dia em que decidi ser escritor. Ao contrário, a escrita, por assim dizer, me procurou. Quando era criança, uma das minhas brincadeiras era ficar imaginando histórias, sem transformá-las em texto. Anos mais tarde, comecei a rabiscar os primeiros enredos, que eram, em alguma medida, semelhantes ao que depois se tornariam meus livros. Acho que esse processo de criação, que me acompanhou a vida toda, é a maneira que encontrei de expressar certos sentimentos e raciocínios, que teria dificuldade de traduzir de outra forma. Escrever é um pouco isso mesmo: um método de exorcizar nossos fantasmas interiores.

3) De onde veio a inspiração para escrever a série "A Guerra das Sombras"?
Não é fácil identificar influências e inspirações. É claro que as fontes primeiras são as experiências que temos na vida e nossos próprios desejos, anseios, dúvidas e sentimentos. São essas forças, muitas vezes inconscientes, que levam a pessoa a escrever.  O ato de escrever, como outras formas de arte, é uma das muitas válvulas de escape do inconsciente. A isso somam-se, é claro, os autores que admiramos, suas obras e seus estilos.  Por isso, o escritor precisa ler muito, de preferência todos os estilos literários para que possa aprimorar-se e fugir do lugar-comum. Recomendo, por exemplo, a obra de Dostoievski. Já, no gênero que escrevo, há muitos excelentes autores, como Neil Gaiman.

4) Você diz no site do livro, na parte sobre o autor que "Por certo, não esperava escrever um livro inteiro (não tinha esta pretensão)". Como foi então essa experiência de não apenas escrever um livro inteiro, mas uma série de livros? Em que momento você percebeu que seriam quatro livros?
Uma analogia possível seria com a montagem de um mosaico ou de um quebra-cabeça. Cada peça posterior deve-se encaixar às anteriores - o que é, em si, um desafio intelectual muito estimulante. É como o pintor que deve ter em consideração a tela toda e não só aquele trecho em que está trabalhando. Mas isso não quer dizer que eu tivesse o exato domínio da história. Ao contrário, era muitas vezes quase supreendido pelo desenrolar dos acontecimentos. Então, é um pouco como ver uma série ou uma novela de que gostamos: a cada capítulo temos uma supresa e isso nos leva a continuar acompanhando. É por isso que acabei persistindo até o final dos quatro livros, das quatrocentas mil palavras, ou das mil e duzentas páginas de texto: eu, como o leitor, também queria conhecer o final da história. Quanto a sua outra pergunta, não me lembro exatamente quando decidi que seriam quatro livros. Acho que essa ideia me acompanhava mais ou menos desde o início, mas foi se concretizando lentamente conforme avançava a história. Tenho certeza de que quando terminei o segundo volume, já sabia que haveria outros dois.

5) Você pretende escrever outras histórias que se passem nesse mesmo mundo?
Sim. Na verdade, estou escrevendo uma história que, sem ser uma continuação, passa-se no mesmo universo, mas com outros personagens e em uma outra época. É uma série diferente de "A Guerra das Sombras". Sem deixar de pertencer ao gênero Fantasia, tem toques de ficção científica. Até agora, estou me divertindo muito ao escrever. Acredito que o primeiro volume dessa nova série esteja finalizado em algum momento do ano que vem.

6) Você é formado em direito. Você atua nessa área ou se dedica apenas à escrita? Essa sua formação e seu trabalho (caso exista) influenciam na sua escrita?
Desde 2004, sou funcionário do Ministério das Relações Exteriores. Atualmente, estou lotado na Embaixada do Brasil em Assunção onde chefio o Setor Cultural. Essa função me permitiu aprender mais sobre a nossa cultura e, com isso, me aprimorar como escritor. Convido a todos a conhecer as atividades que desenvolvemos para difundir a cultura brasileira aqui no Paraguai na página que mantemos no facebook (www.facebook.com/CCEBA). Lá é possível encontrar vídeos e fotos dos eventos que temos realizado.

7) Você já tem algum outro livro esperando publicação?
Estou escrevendo esse novo livro passado no mesmo universo só que em outra época. Espero conseguir terminá-lo até o ano que vem.

8) Foi muito difícil para conseguir publicar o seu livro? Ser uma série tornou essa busca por publicação ainda mais difícil?
Foi muito difícil não só por ser uma série mas, também, por ser do gênero Fantasia, que ainda é pouco desenvolvido no Brasil. Ser escritor iniciante não é nada fácil, porque as editoras simplesmente não têm pessoal suficiente para ler e avaliar originais não solicitados. É bem complicado transpor essa barreira inicial. Na maioria das vezes, as editoras sequer se dignam a dar uma resposta. No meu caso, levou três anos até conseguir encontrar uma editora que aceitasse publicar o primeiro volume da série.

9) Qual sua dica para quem quer seguir a carreira de escritor?
Certamente, não existe uma receita para o sucesso. O que se pode fazer, na verdade, é escrever a melhor obra possível, aquela que mais agrade às nossas próprias preferências. Se haverá publicação ou sucesso comercial é algo que, em última instância, escapa ao controle do escritor. Um conselho que eu poderia dar, talvez, seria vir armado de muita persistência. Também é importante não ter grandes expectativas em termos de retorno financeiro.  Muito poucos são os que conseguem viver só da literatura hoje em dia. O caminho, em geral, é árduo, mas acho que a recompensa, que é o retorno dos leitores, vale a pena. É sempre muito enriquecedor quando alguém que eu nem conheço resolve dedicar um pouco do seu tempo livre a ler minha obra e ainda mandar seu parecer.

10) Na sua opinião, qual é a importância da literatura na vida das pessoas?
A literatura, como outras formas de arte, nos permite ampliar nossos próprios horizontes, ao nos oferecer uma perspectiva diferente da nossa. Quando observamos a realidade pelos olhos dos personagens, quando vemos o mundo em que vivem e partilhamos das suas angústias, anseios e desejos, conseguimos escapar, em parte, da vida cotidiana, em que estamos aprisionados, e abraçar uma perspectiva mais ampla. Novos pontos de vista, que antes sequer havíamos imaginado, nos são apresentados - e isso é muito positivo. A literatura permite, assim, o diálogo entre pessoas que estão separadas por dias ou por milênios, entre visões de mundo próximas ou distantes.


Agora algumas perguntinhas rapidinhas para o leitor te conhecer melhor:
a) Um livro: Humilhados e Ofendidos (Dostoievski)
b) Um autor: Shakespeare
c) Uma música: Pais e filhos (Legião Urbana)
d) Um cantor: John Lenon
e) Um filme: 2001: Uma Odisseia no Espaço
f) Um ator: Fernando Montenegro
g) Uma pessoa: Nelson Mandela
h) Uma frase: "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena" (Fernando Pessoa)

Agradeço imensamente a entrevista e toda a atenção que você me deu. Gostaria de deixar algum recado final para os seus leitores?
Queria apenas agradecer a oportunidade dessa entrevista. É muito importante para os escritores brasileiros ter um espaço para divulgar suas obras. Gostaria também de agradecer aos leitores do blog e convidá-los a conhecer o que se vem escrevendo no gênero Fantasia e Ficção Científica no Brasil. Há obras muito boas que vale a pena ler.

Adorei a entrevista. Jorge Tavares é uma pessoa simpática. Agora eu estou aqui me coçando para comprar os próximos livros da série, que são ótimos!!! Não perca a oportunidade de ler A Guerra das Sombras - O Livro de Dinaer.

3 comentários:

  1. Adoro as entrevistas com autores nacionais!! E adoro ainda mais que ele lê Dostoievski.Mas tenho que confessar, não gosto da capa do livro =x

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  2. Como a Claudinha eu adoro entrevistas com autores nacionais. É ótimo para conhecê-los melhor.

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  3. Nossa adorei a entrevista ... parabéns ... é muito bom saber mais sobre os autores, muito legal a trajetória e as indicações :)

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